NOVA YORK (Reuters) - O comediante John Oliver confrontou o ator vencedor do Oscar Dustin Hoffman no palco sobre uma acusação de assédio sexual, oferecendo à plateia em Nova York, na segunda-feira, uma rara visão de um homem poderoso enfrentando ao vivo questões sobre alegações do tipo.
Hoffman está entre uma série de homens ricos e famosos que têm sido acusados de comportamento sexual inadequado desde outubro, quando o produtor de Hollywood Harvey Weinstein foi acusado de assédio sexual.
A acusadora de Hoffman, Anna Graham Hunter, afirmou em matéria do dia 1º de novembro no The Hollywood Reporter que Hoffman foi provocativo, agarrou suas nádegas e falou sobre sexo na frente dela quando ela tinha 17 anos e era estagiária em um set de filmagem, em 1985.
A Reuters não pôde confirmar de maneira independente as acusações de Hunter.
Hoffman, de 80 anos, se desculpou por colocá-la "em uma situação desconfortável", dizendo à revista que o relato da mulher "não reflete quem eu sou".
Na segunda-feira, Hoffman acrescentou que "não aconteceu do modo como ela reportou", de acordo com um relato no Deadline Hollywood sobre o debate em Nova York.
Uma porta-voz de Hoffman não estava imediatamente disponível para comentar sobre o debate de segunda-feira.
Oliver, que é apresentador de um programa semanal da HBO que analisa e satiriza as notícias, discutiu a declaração de Hoffman enquanto moderava um painel que marcava o 20o aniversário do filme "Mera Coincidência", estrelado por Hoffman.
Oliver disse que se sentiu obrigado a levantar o tópico pois "está pairando no ar", de acordo com um vídeo da discussão no WashingtonPost.com.
Oliver levantou a questão da declaração de Hoffman de que "não reflete quem eu sou".
"É reflexo de quem você era", disse Oliver. "Parece um pretexto para dizer 'não fui eu'. Você entende como isso parece um afastamento?"
Hoffman mais tarde perguntou a Oliver sobre o relato da mulher sobre o incidente de 1985 dizendo "Você acredita nessas coisas que lê?"
"Eu acredito no que ela escreveu, sim", respondeu Oliver. "Porque não há motivo para ela mentir."
"Bom, há um ponto de ela não trazer isso à tona por 40 anos", disse Hoffman sobre o incidente de 32 anos atrás.
A discussão foi calma e cordial, ainda que uma pessoa da plateia tenha gritado para Oliver "Vá em frente. Deixe para lá", segundo reportou o Washington Post. A pessoa foi abafada por outros, incluindo um que disse "Tenha vergonha", segundo o Post. Outra pessoa disse "Obrigada por acreditar nas mulheres."
(Reportagem de Daniel Trotta)