Por Trevor Hunnicutt e Stephanie Kelly e Georgina McCartney
HOUSTON (Reuters) - O esperado evento da cantora Beyoncé com a vice-presidente e candidata à presidência dos Estados Unidos, Kamala Harris, previsto para a noite desta sexta-feira em Houston — primeira participação da estrela da música nesta corrida eleitoral — ocorre em um momento crucial para a democrata. A liderança que Kamala tinha há algum tempo sobre o seu rival, o republicano e ex-presidente Donald Trump, praticamente evaporou, mostraram pesquisas de opinião. A campanha da democrata diz que a diferença para o oponente está dentro da margem de erro nos Estados considerados decisivos para a eleição. Mesmo assim, ela tem uma vantagem considerável sobre Trump entre as mulheres, que segundo as sondagens são grande parte do público da cantora. Nesse grupo, Kamala liderava por 49% a 36%, segundo pesquisa Reuters/Ipsos publicada no final de agosto. A eleição será realizada no dia 5 de novembro. "Beyoncé é uma das mulheres mais poderosas da indústria do entretenimento, em um dos momentos históricos quando (politicamente e pessoalmente) a mulher mais poderosa dos EUA está concorrendo para presidente", afirmou Melvin L. Williams, professor de Comunicação na Pace University. Williams afirmou não ter certeza de que Beyoncé possa atrair eleitores indecisos sobre Kamala.
"Temos que reconhecer que celebridades em geral são grandes propagandistas políticos, mas não garantem vitória política para os candidatos", acrescentou.
O comício em Houston, cidade-natal da cantora, é a principal atração de uma série de aparições dela e eventos artísticos de cunho político. Em 2008, o marido da artista, Jay-Z, realizou um comício para Barack Obama, enquanto ela própria cantou o hino nacional e o clássico "At Last", de Etta James, na cerimônia de posse do presidente.
A estrela também fez um comício para a candidata democrata Hillary Clinton em 2016 e apoiou Joe Biden e Kamala em 2020, pelo Instagram. A democrata abraçou a canção "Freedom", do álbum e filme "Lemonade", de 2016, como hino da campanha. A produção mostrava mães de vítimas da brutalidade policial. Após a publicação, sindicatos de policiais do Tennessee e da Flórida pediram que seus membros boicotassem os shows da artista.
Com aproximados 314 milhões de seguidores no Instagram, Beyoncé oferece a Kamala acesso a um segmento da população norte-americana -- especialmente eleitores negros e jovens -- considerado crucial na apertada corrida contra Trump.
Celebridades de Hollywood, incluindo as atrizes Julia Roberts e Jane Fonda, estão fazendo campanha por Kamala, assim como os músicos Bruce Springsteen, Usher e Lizzo. Trump tem o apoio de lutadores, do wrestler Hulk Hogan e do músico Kid Rock.
Mulheres jovens de Houston comentaram a performance política da maior estrela da cidade.
"Beyoncé é um ícone nacional porque, no fim do dia, todos somos pessoas com suas próprias visões e valores. A Beyoncé é corajosa o suficiente para bancar seus valores mesmo com as pessoas julgando-a por isso", afirmou Nadira Smith, de 27 anos. Já Sydney Mukavetz, de 25 anos e nascida em Michigan, mas moradora de Houston há um ano, disse achar "um pouco estranho" ter celebridades em comícios políticos.
"Acho que um apoio e uma performance são coisas muito diferentes", acrescentou.
(Reportagem de Trevor Hunnicutt e Georgina McCartney em Houston, Stephanie Kelly em Nova York e Gabriella Borter em Washington)