Por Elizabeth Piper, William James e Kylie MacLellan
LONDRES, 24 Mai (Reuters) - Emocionada e contendo as lágrimas, a premiê britânica, Theresa May, anunciou nesta sexta-feira que renunciará, iniciando uma disputa que levará ao poder um novo primeiro-ministro que pode buscar um rompimento mais radical do Reino Unido com a União Europeia.
A saída de May aprofundará a crise do Brexit, já que é provável que um novo líder defenda uma separação mais decisiva da UE, o que aumenta as chances de um confronto com o bloco e uma eleição parlamentar antecipada potencialmente imprevisível.
Com a voz embargada pela emoção, May, que suportou crises e humilhações em seu esforço fracassado de encontrar um meio-termo para o Brexit que o Parlamento aceitasse, disse que renunciará ao comando do Partido Conservador em 7 de junho, e uma disputa pela liderança da sigla começará na semana seguinte.
"Em breve deixarei o trabalho que foi a honra da minha vida", disse May diante da residência oficial de Downing Street, em Londres. "A segunda mulher primeira-ministra, mas certamente não a última".
"Faço-o sem ressentimento, mas com uma gratidão enorme e duradoura de ter tido a oportunidade de servir o país que amo", disse May sob o olhar do marido, Philip.
May, que no passado foi uma apoiadora relutante da filiação à UE e que conquistou o cargo em meio ao tumulto que se seguiu ao referendo do Brexit em 2016, sai sem cumprir sua promessa principal: separar o Reino Unido do bloco e sanar as divisões.
"É e sempre será um motivo de profundo pesar para mim não ter conseguido cumprir o Brexit", disse May, acrescentando que seu sucessor terá que encontrar um consenso para honrar o resultado do referendo de 2016.
Jeremy Corbyn, líder do Partido Trabalhista, a principal sigla de oposição, disse que o novo premiê deve realizar uma eleição parlamentar para "deixar o povo decidir o futuro do nosso país".
May deixa como herança uma nação profundamente dividida e uma elite política incapaz de decidir como, quando ou mesmo se deve sair da UE.
A maioria dos principais candidatos ao cargo de May quer um acordo de desfiliação mais rígido, mas a UE já disse que não renegociará o Tratado de Retirada que selou com o Reino Unido em novembro.
Boris Johnson, o garoto-propaganda da campanha oficial do Brexit em 2016, é o favorito para suceder May e a agradeceu por seu "serviço estóico". Os mercados de aposta estimam em 40% a probabilidade implícita de ele conseguir o principal cargo do país.
O Partido Conservador informou em comunicado que o resultado da disputa para escolha do novo líder da legenda está previsto para ser anunciado antes de o Parlamento interromper as atividades para o recesso de verão, o que normalmente ocorre no fim de julho.
(Reportagem adicional de Kate Holton)