BOGOTÁ (Reuters) - O acordo de paz do governo colombiano com as Farc diminuiu as mortes, os ataques e os combates, mas o conflito armado continua em várias regiões do país com a disputa entre grupos rebeldes e paramilitares por territórios abandonados pela guerrilha, disse a Anistia Internacional nesta quarta-feira.
O presidente colombiano, Juan Manuel Santos, e as antigas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) assinaram há um ano um acordo para acabar com um violento conflito que deixou mais de 220 mil mortos e desalojou ao menos 7 milhões que durou mais de meio século.
No entanto, o grupo rebelde Exército de Libertação Nacional (ELN) e outros grupos armados ilegais que o governo classifica como bandos criminosos, mas que para a Anistia Internacional são paramilitares, disputam o controle de várias regiões afetando os direitos humanos da população civil com assassinatos, ameaças e desalojamentos.
"Embora o número de mortes de civis tenha diminuído desde a assinatura do acordo de paz entre o governo colombiano e as Farc, o conflito armado segue sendo em grande medida uma realidade para milhões de pessoas em todo o país", disse o secretário-geral da Anistia Internacional, Salil Shetty, ao apresentar um relatório sobre a situação dos direitos humanos no país.
A antiga e poderosa guerrilha das Farc abandonou as armas e mais de 11 mil de seus integrantes, entre combatentes e colaboradores, formaram o partido político Força Alternativa Revolucionária do Comum e avançam em um processo de integração à sociedade.
Embora as Farc tenham abandonado amplas áreas de selva e montanha que controlaram por anos, o governo não as ocupou de imediato, o que permitiu que o ELN e bandos criminosos como o Clã do Golfo e os Pelusos se lançassem em uma disputa pelo controle territorial de regiões estratégicas para o narcotráfico e a mineração ilegal.
A Anistia denunciou que grupos paramilitares estão operando em várias regiões com o apoio de alguns membros das Forças Armadas, ao mesmo tempo que alertou sobre a necessidade de o governo proteger a população civil e cumprir o acordado com as Farc para chegar a uma paz total e estável.
"A Colômbia se encontra em uma grande encruzilhada. Se o governo não aproveitar esta oportunidade para proteger as comunidades que passaram tanto tempo sofrendo o terror dos grupos armados, o futuro seguirá sendo sombrio", disse Shetty.
(Reportagem de Luis Jaime Acosta)