Por Ulf Laessing e Ahmed Elumami
TRÍPOLI (Reuters) - Disparos e explosões ecoaram na capital da Líbia, nesta sexta-feira, à medida que forças do leste combatiam tropas do governo internacionalmente reconhecido nos subúrbios do sul de Trípoli, forçando milhares de civis a abandonarem suas casas.
O Exército Nacional da Líbia (ENL), de Khalifa Haftar, avançaram sobre a cidade costeira há uma semana, no mais recente conflito de um ciclo de anarquia desde a derrubada do ditador Maummar Gaddafi em 2011.
Mas grupos armados leais ao primeiro-ministro reconhecido internacionalmente, Fayez al-Serraj, mantiveram o ENL afastado, com violentos combates ao redor de antigo aeroporto abandonado a cerca de 11 quilômetros do centro.
Batalhas ao longo de uma semana deixaram 75 pessoas mortas --a maioria composta por combatentes, mas também 17 civis-- e feriram outras 323, de acordo com os últimos dados da ONU. Cerca de 9.500 pessoas também foram forçadas a sair de casa.
Enquanto o som dos conflitos ecoava pela cidade, residentes tentavam manter certa normalidade nesta sexta-feira.
Algumas famílias estavam tomando café da manhã próximo ao mercado de peixe, onde pessoas faziam estoques de comida para a semana.
"Nós nos acostumamos a guerras. Temo apenas a Deus", disse Yamin Ahmed, de 20 anos, que trabalha em uma rede de fast-food.
Além do custo humanitário, o conflito ameaça interromper o fornecimento de petróleo, aumentar o fluxo migratório pelo Mediterrâneo para a Europa, modificar um plano de paz da ONU e permitir que militantes islâmicos explorem o caos.
Haftar, de 75 anos, um ex-general do Exército de Gaddafi que posteriormente se juntou à rebelião contra o líder, moveu suas tropas do leste para tomar o deserto, rico em petróleo, no início deste ano, antes de chegar a Trípoli no começo de abril.
Entretanto, o governo de Serraj conseguiu conter o avanço, auxiliado por grupos armados com metralhadoras em caminhonetes e contêineres de aço do outro lado da estrada para Trípoli.
A ONU, que esperava organizar uma conferência nacional neste mês reunindo as administrações rivais do leste e oeste para organizar uma eleição, pediu um cessar-fogo. Os Estados Unidos, o bloco G7 e a União Europeia também pediram ao LNA que suspenda sua ofensiva.