Por Arlette Bashizi
GOMA, República Democrática do Congo (Reuters) - Seis soldados foram acusados nesta terça-feira pelo envolvimento na morte de 56 pessoas durante uma repressão do Exército a manifestações contra a ONU no leste da República Democrática do Congo na semana passada.
O grupo, que inclui um coronel e um tenente-coronel da guarda republicana, está sendo processado por "crimes contra a humanidade por assassinato, destruição maliciosa e incitação de soldados a cometerem atos contrários ao dever ou à disciplina", de acordo com uma declaração do tribunal militar em Goma.
As acusações foram lidas no início do julgamento nesta terça-feira. Os acusados ainda não haviam sido convidados a se pronunciar.
Os dois oficiais estavam no comando dos soldados que abriram fogo contra os manifestantes, de acordo com uma fonte próxima à Presidência que pediu para não ser identificada.
"Isso não foi uma ação do Estado, eles agiram isoladamente e não dentro da estrutura de suas missões soberanas", disse o promotor militar Michel Kashil ao tribunal.
"Demonstraremos que isso se trata de um ataque sistemático contra populações bem direcionadas, os membros de uma determinada igreja", disse ele.
Os protestos foram organizados por uma seita cristã mística chamada Wazalendo.
O governo do Congo havia dito anteriormente que 43 pessoas foram mortas nos distúrbios em Goma na última quarta-feira. No julgamento, o promotor Kashil disse que o número de mortos era de 56, com outras 75 pessoas feridas.
A missão de manutenção da paz da ONU no leste do Congo, conhecida como Monusco, tem enfrentado protestos desde o ano passado, em parte estimulados por reclamações de que não consegue proteger os civis contra décadas de violência das milícias.
Um protesto contra a missão de paz em julho de 2022 resultou em mais de 15 mortes, incluindo três soldados de tropas de paz em Goma e na cidade de Butembo.
(Reportagem adicional de Ange Kasongo Adihe, Sonia Rolley, Stanis Bujakera e Erikas Mwisi Kambale)