Por Susan Heavey e Katanga Johnson
WASHINGTON (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, negou nesta segunda-feira que esteja tentando minar a capacidade do Serviço Postal de lidar com uma enxurrada de votos pelo correio antes da eleição de novembro, mas congressistas democratas marcaram para sábado a votação de uma legislação para barrar suas mudanças de diretrizes.
"Não, não estamos adulterando", disse Trump em uma entrevista à Fox News em meio à revolta de democratas e de outros críticos que o acusam de tentar tolher o Serviço Postal para dificultar a votação pelo correio agora que aparece atrás do indicado presidencial democrata Joe Biden nas pesquisas de opinião.
"Queremos fazer com que ele funcione com eficiência, funcione bem. Queremos fazer com que funcione com menos dinheiro, muito melhor, sempre cuidando de nossos trabalhadores postais", disse o presidente republicano, descrevendo o Serviço Postal como "um dos desastres do mundo".
Trump, ele mesmo planejando votar à distância na Flórida, e muitos republicanos se opõem a uma ampliação do voto pelo correio para acomodar pessoas preocupadas em votar pessoalmente devido ao temor da pandemia de coronavírus.
Ele também expressou apoio à ampliação da votação presencial, o que inclui mais cabines de votação, votação antecipada e outros esforços, mas reiterou seus ataques contra a votação pelo correio. Trump vem repetindo, sem provas, que um crescimento da votação pelo correio levaria a uma fraude na eleição de 3 de novembro.
A votação pelo correio não é nova nos EUA, e um de cada quatro eleitores votou desta maneira em 2016.
Alarmados com mudanças iniciadas pelo governo Trump no Serviço Postal agora que a eleição se aproxima, democratas do Congresso aumentaram a pressão sobre o presidente e sobre o chefe do serviço, Louis DeJoy, um grande doador político de Trump.
A Câmara dos Deputados de maioria democrata se reunirá no sábado para analisar uma legislação que proibiria alterações nos níveis do Serviço Postal que vigoram desde o dia 1º de janeiro de 2020, disse Steny Hoyer, líder da maioria e o segundo democrata mais graduado da Câmara. Os primeiros votos são esperados para as 11h locais.
Senadores democratas liderados pelo colega Chuck Schumer exortaram o conselho do Serviço Postal a reverter uma série de mudanças adotadas por DeJoy que dizem ter levado a atrasos no serviço de entrega de correspondências.
O presidente da Conferência Democrata da Câmara, Hakeem Jeffries, e o deputado Ted Lieu também pediram que o FBI inicie um inquérito criminal a respeito de DeJoy.
"Existem indícios de que dificultar a votação pelo correio pode ser uma das motivações para as mudanças instituídas no Serviço Postal", escreveram Jeffries e Lieu em uma carta enviada nesta segunda-feira ao diretor do FBI, Christopher Wray.
(Reportagem adicional de David Shepardson e Steve Holland)