CARACAS (Reuters) - O Congresso da Venezuela, comandado pela oposição, aprovou resolução nesta segunda-feira declarando que o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, "abandonou o posto", uma atitude simbólica que não deve romper o impasse de um ano entre o Executivo e o Legislativo.
A oposição conquistou uma maioria esmagadora no Congresso nas eleições de 2015, como resultado da irritação sobre a profunda crise econômica do país, mas tem sido prejudicada por uma Suprema Corte hostil que anulou todas as medidas aprovadas no Parlamento.
No ano passado, o tribunal determinou que o Congresso suspendesse um julgamento político contra Maduro que visava declará-lo responsável pela crise, e o presidente menosprezou as decisões legislativas contra ele como inconstitucionais.
"A coisa mais importante é que (essa medida) exige uma solução eleitoral para a crise da Venezuela, para que o povo possa se expressar por meio do voto", disse o presidente do Congresso, Julio Borges, após a votação que aprovou a resolução.
Em 2016, a oposição gastou meses se organizando para tentar um referendo revogatório sobre o mandato de Maduro, mas esse esforço foi anulado pelas autoridades eleitorais, que a oposição acusa de apoiar o Partido Socialista, que governa o país.
Críticos de Maduro o culpam pela inflação de três dígitos, pela falta de produtos ao estilo soviético e por linhas em mercados e mercearias que dobram quarteirões. Maduro, um ex-líder sindical e motorista de ônibus, se diz vítima de uma "guerra econômica" liderada por seus adversários políticos com o apoio dos Estados Unidos.
"O presidente Maduro não renunciou e não renunciará", disse o vice-presidente do Partido Socialista, Diosdado Cabello, em entrevista coletiva antes da votação. "Ele não abandonou seu posto, e não reconhecemos e nem vamos reconhecer um Legislativo desobediente."
O mandato de Maduro termina em 2019.
(Reportagem de Brian Ellsworth e Eyanir Chinea)