MADRI (Reuters) - O conselho eleitoral da Espanha determinou nesta sexta-feira que o presidente pró-independência do governo da Catalunha seja destituído do cargo de legislador regional, em uma medida que pode complicar os esforços para acabar com um prolongado impasse político nacional.
O conselho decidiu que Quim Torra perca o cargo de legislador às vésperas de um possível ponto de virada na tentativa do país de restabelecer um governo estável após a pior turbulência política em décadas.
No sábado, o Parlamento realiza uma votação na qual o líder socialista Pedro Sánchez conta com a abstenção dos separatistas catalães Esquerra Republicana da Catalunya (ERC) - um aliado político de Torra - para confirmá-lo como primeiro-ministro.
O ERC, que governa a Catalunha como parte de uma coalizão com o partido de Torra, sinalizou descontentamento com a decisão do conselho, um sentimento que poderia lançar uma sombra sobre as perspectivas de confirmação de Sánchez.
Legislador sênior do ERC, Gabriel Rufian descreveu a decisão como um "golpe de Estado" no Twitter, enquanto outro importante representante do ERC, Pere Aragones, se referiu à determinação como "abominável", confirmando seu apoio a Torra.
Uma fonte parlamentar também disse que o conselho decidiu impedir o líder preso do ERC, Oriol Junqueras, de assumir sua posição como membro do Parlamento Europeu.
O ERC convocou uma reunião de seu conselho executivo no sábado para avaliar as consequências políticas da decisão sobre Torra, que ocorre após sentença de Torra pelo mais alto tribunal da Catalunha a uma proibição de ocupar cargo público por 18 meses devido à recusa dele em remover símbolos separatistas dos prédios do governo.
Torra recorreu da decisão do tribunal, o que significa que pode levar meses para que a proibição entre em vigor, se for mantida.
Falando do lado de fora da sede do governo catalão em Barcelona, Torra condenou a determinação do conselho eleitoral e descreveu as decisões contra ele e Junqueras como um "ataque extremamente sério".
(Reportagem de Nathan Allen, Joan Faus, Belén Carreño e Jesus Aguado)