Por Ahmed Rasheed e Maggie Fick
BAGDÁ, 13 Jul (Reuters) - O parlamento do Iraque não conseguiu, no domingo, sair de um prejudicial impasse político, que está adiando a formação de um novo governo, para lidar com a insurgência islamista intensa, que acontece a menos de 80 quilômetros de Bagdá.
Depois de uma curta sessão, as autoridades parlamentares adiaram até terça-feira seus esforços para chegar a um acordo entre os políticos xiitas, sunitas e curdos do país, em relação aos cargos de primeiro-ministro, presidente e presidente da câmara.
O primeiro-ministro Nuri al-Maliki, cuja coalizão Estado de Direito é a maior individual do parlamento, está buscando um terceiro mandato, mas enfrenta a oposição de sunitas e curdos que dizem que ele governou para a maioria xiita, em detrimento das comunidades minoritárias. Até mesmo os partidos xiitas rivais querem derrubar Maliki.
O impasse político recebeu maior urgência devido à insurgência islâmica que atingiu províncias sunitas do norte do Iraque, no mês passado, e aconteceu a cerca de 160 quilômetros da capital. A queda das cidades sunitas no norte tem incentivado os adversários de Maliki a tentar forçar a sua saída.
O desentendimento sobre o futuro de Maliki parece estar bloqueando o progresso em relação aos outros cargos políticos.
Políticos sunitas disseram que o principal bloco sunita apresentou Salim al-Jabouri, um islamista moderado, como seu candidato para presidente, mas acusou Maliki de efetivamente sabotar a sua proposta, condicionando a aceitação de sua proposta à uma candidatura para seu terceiro mandato.
"Nós apresentamos nosso candidato para a presidência da Câmara e fizemos o que devemos fazer", disse o porta-voz Osama Nujaifi. "Consideramos os outros blocos responsáveis pela demora".
"Assim que conseguirmos completar o processo democrático de formar o governo, isso ajudará a parar a grande destruição que está acontecendo no Iraque e que está colocando em risco a unidade do país."
Um mandato de prisão por acusações de terrorismo foi emitido em 2011 contra Jabouri, que estava servindo no comitê do parlamento de diretos humanos, na época. Ele havia confrontado Maliki sobre abusos contra prisioneiros, em prisões especiais dentro da zona verde fortificada, no centro de Bagdá, onde o parlamento também está localizado.
As acusações foram retiradas depois da eleição de abril, em meio a rumores que Jabouri ia apoiar a permanência de Maliki como primeiro-ministro. Mas Saleh Mutlaq, um proeminente político sunita, disse que esse tipo de acordo seria rejeitado por muitos de seus colegas, parlamentares sunitas.
"Apresentamos Salim al-Jabouri e Maliki impôs uma condição – para aprovar Jabouri como presidente da Câmara, ele mesmo deve ser aprovado como primeiro-ministro", ele disse. "Isso é algo que nós não aceitamos".
A elite política do Iraque está sendo pressionada pelos Estados Unidos, pela Organização das Nações Unidas (ONU) e pelos próprios clérigos xiitas do Iraque, para que se chegue a um acordo, para que os políticos possam lidar com a insurgência e evitar que o país se fragmente em linhas sectárias e étnicas.