Por David Stanway
PEQUIM (Reuters) - A maior cooperação entre a China e os Estados Unidos, os dois maiores emissores de gases do efeito estufa, ajudará a criar "forte impulso" antes das negociações sobre mudanças climáticas previstas para o final do ano, disse o enviado dos EUA para assuntos do clima nesta sexta-feira.
Cerca de 200 países vão reunir-se em Paris em dezembro para definir os detalhes de um acordo para reduzir as emissões de gases que aquecem o clima após 2020, e a previsão é que as negociações serão duras, disse o enviado especial dos EUA para Mudanças Climáticas, Todd Stern, a repórteres em Pequim.
Embora persistam divergências entre China e Estados Unidos, há também áreas cada vez maiores de interesse comum, especialmente depois de uma declaração conjunta assinada em novembro, disse Stern.
"Não vai ser fácil. Não tenho ilusões sobre isso, mas não estamos no mesmo lugar que estávamos oito ou nove meses antes de Copenhague", declarou Stern, referindo-se às negociações de 2009 sobre o clima, que terminaram em amargura e decepção.
"Há um maior nível de convergência em algumas questões muito importantes, e há maior grau de realismo em relação ao que precisa acontecer paras se chegar a um acordo."
Em um comunicado conjunto em novembro, a China concordou em limitar as emissões de CO2 "até 2030", enquanto os Estados Unidos disseram que iriam reduzir seus níveis de carbono de 26 a 28 por cento até 2025, em relação aos indicadores de 2005.
As divergências estão concentradas na questão da "diferenciação", ou a parte do fardo que caberá aos países em desenvolvimento, como a China, nos esforços para combater o aquecimento global.
Mas na última rodada de negociações em Lima, em dezembro, a declaração de novembro possibilitou a linguagem necessária para "preencher a lacuna", disse Stern.
Para Stern, é pouco provável que faça alguma diferença a recente aposentadoria do czar da política climática da China, Xie Zhenhua, nas posições básicas da China.
"Eu acho que ele foi um representante muito eficaz da China. É um bom amigo e eu o admiro muito, mas as posições da China não são as pessoais dele. São posições do país", disse.
Xie deixou o cargo de vice-diretor da Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma depois de atingir a idade da aposentadoria compulsória, de 65 anos, e foi substituído por Zhang Yong, ex-chefe do Departamento de Segurança Alimentar na China.
(Reportagem de Robert Birsel)