Por Hyonhee Shin e David Brunnstrom
SEUL/WASHINGTON (Reuters) - A Coreia do Norte se retirou nesta sexta-feira de um escritório de relacionamento com a Coreia do Sul, em um grande revés para Seul, poucas horas depois de os Estados Unidos aplicarem as primeiras sanções a Pyongyang desde o fracasso da segunda cúpula EUA-Coreia do Norte, no mês passado.
A Coreia do Norte disse que está abandonando o escritório conjunto de relacionamento, montado em setembro na cidade fronteiriça de Kaesong após uma cúpula história entre o líder Kim Jong Un e o presidente sul-coreano, Moon Jae-in, no início do ano passado.
"O lado norte se retirou depois de nos comunicar que está o fazendo sob as instruções de um nível superior durante um contato de autoridades de ligação nesta manhã", disse o vice-ministro da Unificação sul-coreano, Chun Hae-sung.
A Coreia do Sul lamentou a decisão e pediu uma normalização rápida do arranjo, disse Chun, acrescentando que Seul manterá seu pessoal no escritório, criado como um canal de comunicação frequente para amenizar a hostilidade entre os rivais, que continuam tecnicamente em guerra.
A medida veio depois de os EUA colocarem em uma lista negra, na quinta-feira, duas empresas de transporte chinesas que diz terem ajudado a Coreia do Norte a driblar sanções impostas devido ao seu programa nuclear e citarem 67 embarcações que disse terem se envolvido em negócios ilegais para auxiliar Pyongyang.
Foi a primeira ação do tipo desde que a segunda cúpula entre o presidente dos EUA, Donald Trump, e o líder norte-coreano, Kim Jong Un, em Hanói, fracassou devido a exigências conflitantes. A Coreia do Norte quer um alívio nas sanções, e Washington cobra que o regime abdique de suas armas nucleares.
A retirada norte-coreana do escritório foi mais um golpe em Moon, que viu uma deterioração em sua posição de mediador entre Pyongyang e Washington e o crescimento de divisões dentro de seu governo no tocante à forma de romper o impasse.
O governo Moon enaltecia o escritório como um grande feito resultante de sua própria cúpula com Kim em 2018, apesar dos receios dos EUA de um possível afrouxamento nas sanções.
Chun não quis estabelecer uma ligação direta entre a medida do vizinho do norte e a cúpula fracassada de Hanói, mas especialistas viram um padrão no fato de a Coreia do Norte se voltar contra a Coreia do Sul quando sua posição estratégica crucial com Washington é ameaçada.