Por Christine Kim
SEUL (Reuters) - A Coreia do Norte concordou nesta sexta-feira em realizar conversas oficiais com a Coreia do Sul na próxima semana, as primeiras em mais de dois anos, horas após os Estados Unidos e a Coreia do Sul terem adiado exercícios militares em meio ao impasse sobre os programas nuclear e de mísseis norte-coreanos.
A Coreia do Sul disse que o governo norte-coreanos enviou sua aprovação às conversações a serem realizadas na terça-feira. A última vez que as duas Coreias realizaram conversas oficiais foi em dezembro de 2015.
A reunião vai ocorrer no vilarejo fronteiriço de Panmunjom, onde autoridades de ambos os lados devem discutir os Jogos Olímpicos de Inverno, que serão realizados na Coreia do Sul no mês que vêm, e outros temas da relação intercoreana, disse o porta-voz do Ministério da Unificação sul-coreano, Baik Tae-hyun, a repórteres.
A Coreia do Norte pediu que as negociações futuras sobre o encontro sejam realizadas por correspondências documentadas, disse Baik. As autoridades que representarão os dois países ainda serão confirmadas.
O líder norte-coreano, Kim Jong Un, abriu o caminho para conversas com Seul em um discurso de Ano Novo, no qual pediu por uma redução das tensões e sinalizou uma possível participação da Coreia do Norte na Olimpíada de Inverno.
Entretanto, Kim permaneceu firme na questão de armas nucleares, dizendo que Pyongyang continuará a produzir mísseis nucleares em massa e, mais uma vez, advertiu que realizará um ataque nuclear se seu país for ameaçado.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o presidente sul-coreano, Moon Jae-in, anunciaram na quinta-feira que os exercícios militares anuais de larga escala na região acontecerão somente após a Olimpíada de Inverno.
A Coreia do Norte vê essas simulações como preparação para uma invasão, e usa como justificativa para seu programa de armas, que desenvolve em desafio a resoluções do Conselho de Segurança da ONU.
A Coreia do Sul e os Estados Unidos tecnicamente ainda estão em guerra com a Coreia do Norte depois que o conflito coreano de 1950 a 1953 terminou com uma trégua, e não com um tratado de paz.
(Reportagem adicional de Hyonhee Shin e Josh Smith, em Seul; Olivier Fabre, em Tóquio; e Philip Wen, em Pequim)