Por Hyonhee Shin e David Brunnstrom
SEUL/WASHINGTON (Reuters) - A Coreia do Norte culpou nesta sexta-feira uma posição "arbitrária e desonesta" dos Estados Unidos pelo fracasso de uma reunião recente entre o líder Kim Jong Un e o presidente norte-americano, Donald Trump, e alertou que as negociações paralisadas para um novo acordo nuclear não serão reiniciadas sem que Washington tome uma nova postura.
Um porta-voz do ministério das Relações Exteriores da Coreia do Norte acusou os Estados Unidos de tentarem fugir da culpa pela interrupção da segunda reunião entre Kim e Trump, em Hanoi em fevereiro, levantando uma "questão completamente irrelevante". O ministro não especificou do que falava.
"A causa do retrocesso na reunião entre a RPDC e os EUA em Hanói é a posição desonesta e arbitrária tomada pelos Estados Unidos, que insistem em um método onde é totalmente impossível avançar", afirmou o porta-voz não identificado em um comunicado emitido pela agência oficial de notícias da Coreia do Norte, a KCNA.
"Os Estados Unidos não conseguiriam nos fazer mudar de lugar nem uma polegada com o dispositivo que está sendo usado, e o quanto mais agirem de maneira desconfiada e hostil em relação à RPDC, mais feroz será nossa reação", disse o oficial, se utilizando da sigla para a República Popular Democrática da Coreia, o nome oficial da Coreia do Norte.
"A não ser que os Estados Unidos utilizem um novo método de cálculo, o diálogo entre RPDC e EUA nunca será retomado e alem disso, a perspectiva do resolução da questão nuclear ficará bastante sombria", acrescentou.
A nota foi a última crítica oficial aos Estados Unidos desde uma cúpula frustrada no Vietnã e aconteceu apenas horas depois de Trump partir para uma visita de Estado no Japão, onde deverá conversar sobre a Coreia do Norte com o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe.
Alguns analistas vêem na nota norte-coreana uma possível indicação de que novos testes de mísseis serão conduzidos.
"Uma declaração tão ousada é claramente um aviso aos Estados Unidos, tentando implicar que se Washington não ceder em alguma frente, que Pyongyang irá apenas aplicar mais e mais pressão", disse Harry Kazianis, do thinktank Centro Washington de Interesses Nacionais.
"Não devemos nos assustar se, já nesse final de semana, novos mísseis forem disparados para o alto e as tensões aumentarem para patamares ainda mais altos do que antes."
As tensões cresceram nas últimas semanas, com a Coreia do Norte disparando mísseis de curto alcance no início do mês e Washington anunciando a apreensão de uma embarcação norte-coreana suspeita de realizar transportes ilícitos de carvão caracterizando o rompimento de sanções.
((Tradução Redação São Paulo, 5511 56447759)) REUTERS ES