VIENA (Reuters) - Não há sinal de que a Coreia do Norte reprocessou combustível usado de seu principal reator nuclear na forma de plutônio no último ano, mas parece que continuou a enriquecer urânio, o outro combustível em potencial para bombas atômicas, disse a agência nuclear da Organização das Nações Unidas (ONU).
A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) não tem acesso à Coreia do Norte desde que o isolado Estado comunista expulsou seus inspetores em 2009. Pyongyang levou adiante seu programa de armas nucleares e logo retomou os testes, e sua última detonação de uma arma nuclear ocorreu em 2017.
Desde a expulsão, a agência vem monitorando as atividades norte-coreanas à distância, inclusive por meio de imagens de satélite.
É "quase certo" que o reator experimental de cinco megawatts do complexo nuclear de Yongbyon, que muitos acreditam ter produzido plutônio para armas, está fechado desde o início de dezembro de 2018, disse a AIEA em um relatório anual datado de 1º de setembro e publicado na internet.
Mas não se flagrou nenhum vapor denunciando o uso do laboratório de reprocessamento de plutônio no local, o que sugere que a última leva de combustível usado permaneceu no edifício do reator.
"É quase certo que nenhuma atividade de reprocessamento aconteceu e que o plutônio produzido no reator de cinco megawatts durante o ciclo operacional mais recente não foi separado", disse o relatório, acrescentando que a construção de um reator de água leve em Yongbyon continua.
Em contraste, a movimentação de veículos e a operação de unidades de resfriamento na usina de fabricação de bastões de combustível de Yongbyon sugere que a Coreia do Norte vem produzindo urânio enriquecido com centrífugas ali, diz o texto.
A Coreia do Norte também pode estar enriquecendo urânio em uma instalação nos arredores de Pyongyang conhecida como Kangson, que só chamou atenção como possível local de enriquecimento nos últimos anos.
"A construção deste complexo em Kangson aconteceu antes da construção relatada da instalação de enriquecimento com centrífugas em Yongbyon, com a qual ele compartilha algumas características", disse a AIEA.
"Se o complexo de Kangson é uma instalação de enriquecimento com centrífugas, isso seria condizente com a cronologia, analisada pela agência, do desenvolvimento relatado do programa de enriquecimento de urânio da RPDC", disse a agência usando o nome oficial do país, República Popular Democrática da Coreia.
(Por Francois Murphy)