WASHINGTON (Reuters) - Autoridades dos Estados Unidos disseram na terça-feira terem visto um aumento em atividades na Coreia do Norte que podem ser preparativos para mais um teste de míssil dentro de dias.
Os funcionários, falando sob condição de anonimato, disseram que, ao longo da semana passada, a inteligência avistou equipamentos, possivelmente para lançar um míssil balístico intercontinental (ICBM, na sigla em inglês) ou um míssil de alcance intermediário, sendo levados a uma instalação em Kusong, cidade do oeste do país.
No início deste mês, a reclusa Coreia do Norte, que com frequência ameaça destruir os EUA e a Coreia do Sul, disse ter realizado seu primeiro teste de um ICBM e dominado a tecnologia necessária para usar uma ogiva nuclear em um míssil.
A mídia estatal de Pyongyang disse que o teste comprovou a reentrada atmosférica da ogiva, que especialistas afirmam poder alcançar o Estado norte-americano do Alasca.
Mas recentemente o vice-presidente do Estado-Maior Conjunto dos EUA disse que o teste de 4 de julho não chegou a demonstrar que a Coreia do Norte tem capacidade de atingir seu país "com qualquer grau de eficácia".
Na terça-feira, o jornal Washington Post relatou que a Agência de Defesa de Inteligência (Dial), a agência de espionagem do Pentágono, avaliou que os norte-coreanos serão capazes de lançar um ICBM com capacidade nuclear no ano que vem, mais cedo do que previsto anteriormente.
De acordo com dois funcionários norte-americanos, porém, alguns outros analistas que estudam o programa de mísseis da Coreia do Norte não concordam com a análise do Dial.
"O Dial e os sul-coreanos tendem a estar na linha de frente das estimativas sobre os programas militares da Coreia do Norte, e isso é compreensível", disse um dos funcionários. "Não há dúvida de que a RPDC (República Popular Democrática da Coreia, nome oficial do país) foi mais longe e mais rápido em seu esforço para desenvolver um ICBM confiável e de capacidade nuclear que possa ser construído em quantidade, mas ainda há dúvidas sobre ele ser capaz de superar esse limite em um ano".
Uma segunda autoridade dos EUA familiarizada com a ciência por trás dos ICBMs disse, também sob anonimato, que a Coreia do Norte ainda não demonstrou a capacidade de projetar e construir ogivas nucleares pequenas o suficiente para serem usadas em mísseis de longo alcance e duras o suficiente para resistirem à reentrada na atmosfera.
Um terceiro funcionário, que também falou sob condição de anonimato, disse que, mesmo que Pyongyang desenvolva um ICBM viável, ele só ameaçaria os EUA e seus aliados se o regime do líder norte-coreano, Kim Jong Un, fosse suicida.
(Por Idrees Ali e John Walcott; Reportagem adicional de Ben Blanchard, em Pequim)