Por Hyonhee Shin
SEUL (Reuters) - A Coreia do Norte irá aumentar suas defesas contra os Estados Unidos e vai avaliar a retomada de "todas as atividades temporariamente suspensas", afirmou a agência estatal de notícias KCNA nesta quinta-feira, em uma aparente referência à moratória auto-imposta aos testes com armamentos nucleares e mísseis de longo alcance.
As tensões estão em alta em relação a uma série de testes de mísseis norte-coreanos. Uma pressão dos EUA por novas sanções foi seguida por uma reação acalorada de Pyongyang, alimentando o espectro do retorno a um período de ameaças chamado de "fogo e fúria" em 2017.
O líder norte-coreano, Kim Jong Un, convocou uma reunião do poderoso Politburo do Partido dos Trabalhadores governista na quarta-feira para discutir "questões políticas importantes", incluindo contra-medidas para políticas "hostis" dos EUA, afirmou a agência oficial KCNA.
O Politburo decretou a reavaliação de medidas para construir confiança e para "examinar prontamente a questão de retomar todas as atividades suspensas temporariamente", enquanto solicitou "a intensificação imediata de meios físicos mais poderosos", afirmou a KCNA.
A decisão parece estar um passo além das declarações anteriores de Kim, no final de 2019, de que ele não seria mais amarrado pela moratória nos testes de ogivas nucleares e de mísseis balísticos intercontinentais de longo alcance (ICBMs), após os Estados Unidos não responderem às concessões para retomar as negociações.
A hostilidade de Washington e as ameaças "atingiram uma linha de perigo", afirma a agência, citando exercícios militares conjuntos entre EUA e Coreia do Sul, o destacamento de armas estratégicas norte-americanas de ponta na região, e a implementação de sanções independentes e da ONU.
"Nós deveríamos fazer preparações mais completas para um conflito de longo prazo com os imperialistas dos EUA", concluiu o Politburo.
O alerta da Coreia do Norte veio horas depois de uma reunião a portas fechadas do Conselho de Segurança da ONU na quinta-feira para discutir os testes recentes de mísseis, a pedido dos Estados Unidos e de outros países.
O presidente norte-americano, Joe Biden, não mencionou a Coreia do Norte na coletiva de imprensa de quase duas horas na quarta-feira, realizada para marcar seu primeiro ano no cargo.
Ao ser perguntado sobre se os Estados Unidos responderiam ao fato de que a Coreia do Norte estaria retomando os testes nucleares e de ICBMs, um porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca se recusou a "entrar em hipóteses", mas disse que o objetivo continua sendo a desnuclearização completa da península coreana.