Por Andrew Osborn e Joyce Lee
MOSCOU/SEUL (Reuters) - A Rússia realizou o que disse ter sido sua primeira patrulha aérea conjunta de longo alcance com a China na região Ásia-Pacífico nesta terça-feira, uma missão que provocou centenas de tiros de alerta, segundo autoridades da Coreia do Sul, e um protesto enfático do Japão.
O voo de dois bombardeiros estratégicos russos Tu-95 e dois bombardeiros chineses H-6, apoiados por um avião de alerta russo A-50, segundo autoridades sul-coreanas e japonesas, assinala uma intensificação notável na cooperação militar entre chineses e russos.
Trata-se de algo que provavelmente preocupará políticos dos Estados Unidos ao Japão e que pode complicar as relações e elevar a tensão em uma região que há anos é ofuscada pela hostilidade entre Estados Unidos e Coreia do Norte.
Embora tropas e embarcações da Rússia e da China tenham participado de jogos de guerra conjuntos antes, os dois países não haviam realizado nenhuma patrulha aérea na região Ásia-Pacífico juntos até esta terça-feira, de acordo com o Ministério da Defesa russo.
"A patrulha conjunta foi realizada com o objetivo de aprofundar as relações russo-chinesas dentro de nossa parceria abrangente, de aumentar ainda mais a cooperação entre nossas Forças Armadas e aperfeiçoar suas capacidades para realizar ações conjuntas e fortalecer a segurança estratégica global", disse o ministério em um comunicado.
Coreia do Sul e Japão, que enviaram caças para interceptar a missão russo-chinesa, acusaram Rússia e China de violarem seus espaços aéreos, uma alegação que Moscou e Pequim negaram.
Aviões de guerra da Coreia do Sul dispararam centenas de tiros de alerta contra a aeronave militar russa A-50, disseram autoridades de defesa em Seul, acrescentando que esta entrou no espaço aéreo sul-coreano.
Foi a primeira vez que uma aeronave militar russa violou o espaço aéreo sul-coreano, disse um funcionário do Ministério da Defesa Nacional em Seul.
Os bombardeiros russos e chineses entraram juntos na Zona de Identificação da Defesa Aérea da Coreia (Kadiz) na manhã desta terça-feira, informou o Ministério da Defesa sul-coreano.
Separadamente, a aeronave russa de alerta precoce e controle A-50 violou duas vezes o espaço aéreo sul-coreano sobre Dokdo --uma ilha controlada por Seul e reivindicada pela Coreia do Sul e pelo Japão, que a chama de Takeshima-- pouco depois das 21h, segundo os militares da Coreia do Sul.
O Ministério da Defesa russo disse não ter reconhecido a Kadiz, e o Ministério das Relações Exteriores chinês disse que a área não está em um espaço aéreo territorial e que todos os países desfrutam de liberdade de movimento nela.
(Reportagem adicional de Josh Smith em Seul, Kiyoshi Takenaka, Makiko Yamazaki e Tim Kelly em Tóquio, Cate Cadell em Pequim e Maria Kiselyova e Tom Balmforth em Moscou)