Por Saundra Amrhein e Jason Lange
KISSIMMEE, Estados Unidos (Reuters) - Desde que um surto de coronavírus atingiu o Estado norte-americano da Flórida neste mês, o motorista de Uber (NYSE:UBER) Nelson Aliaga viu uma queda de um terço no movimento de clientes.
O presidente Donald Trump não reagiu com rapidez suficiente à crise, desdenhando durante semanas do perigo representado pelo vírus, disse Aliaga, um republicano que votou em Trump em 2016.
Aliaga, que ganha a vida transportando turistas pela área de Orlando, agora está inclinado a votar em Joe Biden na eleição presidencial de novembro se o ex-vice-presidente se tornar o indicado democrata.
"Tenho quase certeza de que não votarei nele", disse Aliaga a respeito de Trump diante de uma zona eleitoral próxima de Orlando onde seu filho, que é democrata, votou na primária democrata na terça-feira. Biden levou o Estado com uma grande vitória sobre o senador Bernie Sanders
A crise de saúde, que está interditando escolas, restaurantes e aglomerações em todo o país, ainda está no início, e especialistas estão tendo dificuldade para entender quanto tempo o surto irá durar ou se as medidas inéditas de isolamento irão contê-lo.
Mas a Flórida, um campo de batalha político importante em que Trump derrotou a candidata democrata Hillary Clinton por mero 1,2 ponto percentual em 2016, já está sofrendo um impacto econômico desproporcional -- um desdobramento indesejável para o presidente, que aposta em um triunfo no Estado para impulsionar sua reeleição.
A dependência da Flórida do setor de serviços, do turismo aos serviços financeiros, e sua grande população de idosos farão dela um dos Estados mais abalados pela crise, de acordo com a Moody's Analytics, empresa de pesquisa de Wall Street que estimou uma perda possível de ao menos 135 mil empregos neste ano.
Nenhum outro Estado tem uma concentração maior de empregos no setor de serviços, como mostram dados do Departamento do Trabalho, e um de cada cinco moradores tem 65 anos ou mais, a faixa etária mais vulnerável ao coronavírus. Nacionalmente, a proporção é de um para seis.
A área de Orlando sofre particularmente, já que parques temáticos, como a Disney World, fecharam, e hotéis, restaurantes e cinemas também o estão fazendo. As ruas de lojas de presentes estavam praticamente vazias na terça-feira.
(Reportagem adicional de Steve Holland, em Washington, e Jarrett Renshaw)