Por Stefanie Eschenbacher e Elida Moreno
CIDADE DO PANAMÁ (Reuters) - O político veterano com formação nos Estados Unidos Laurentino "Nito" Cortizo venceu a eleição presidencial mais acirrada da história do Panamá, no domingo, e pediu união nacional depois de receber apenas um terço dos votos em um país claramente dividido sobre sua escolha na votação de turno único.
"O Panamá venceu hoje, e hoje, mais do que nunca, o Panamá precisa unir forças", disse o ex-ministro da Agricultura a apoiadores entusiasmados no discurso que fez à meia-noite em seu hotel de campanha.
Durante a campanha, ele prometeu limpar a política do país, cuja imagem foi maculada por um escândalo de corrupção envolvendo a construtora Odebrecht e pelo caso dos Panamá Papers, vazamento de milhões de documentos que detalham a sonegação fiscal dos mais ricos do mundo na nação famosa por seu canal.
"Os panamenhos não querem, ou merecem, nem tolerarão mais do mesmo", acrescentou Cortizo. "O caos acabou. Os fundos públicos pertencem ao público, e são sagrados".
O presidente eleito tomará posse em 1º de julho, e terá que equilibrar relações com os Estados Unidos e a China, uma vez que o presidente em fim de mandato Juan Carlos Varela irritou Washington estabelecendo laços diplomáticos formais com Pequim, hoje a segunda maior cliente do canal.
O segundo colocado do pleito, Rómulo Roux, ficou só dois pontos atrás e relutou em admitir a derrota, dizendo que encontrou irregularidades nas urnas de algumas zonas eleitorais.
Varela parabenizou Cortizo em uma ligação transmitida ao vivo, em uma tentativa aparente de mostrar estabilidade após o resultado apertado.
Nenhuma eleição na nação centro-americana teve uma margem tão estreita desde a restauração da democracia em 1989, ocorrida depois da invasão norte-americana que depôs o ditador Manuel Noriega.
O clima estava tenso no hotel em que os apoiadores de Cortizo passaram horas reunidos para esperar seu candidato com bandeiras vermelhas, brancas e azuis de seu Partido da Revolução Democrática (PRD). Eles começaram a bradar "Nito, Nito, Nito!" quando o tribunal eleitoral ligou com a notícia.
Roux, de 54 anos, que já trabalhou na agência que governa o canal e foi ministro das Relações Exteriores do ex-presidente preso Ricardo Martinelli, publicou fotos de somatórios de votos que disse terem sido mal contados no Twitter como prova das irregularidades que, disse, poderiam mudar o resultado.