Por Stephanie Kelly
NOVA YORK (Reuters) - Os preços do petróleo sofreram nesta segunda-feira a maior queda diária desde a Guerra do Golfo de 1991, após Arábia Saudita e Rússia iniciarem uma disputa de preços que ameaça sobrecarregar os mercados globais da commodity com mais oferta.
Um recuo de quase 25% nas cotações do petróleo desencadeou pânico nos principais índices acionários de Wall Street, em um momento em que a rápida disseminação do coronavírus pelo mundo também amplifica temores de uma recessão global.
Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq caíram cerca de 7%. No Brasil, o Ibovespa despencou mais de 12%.
Tanto Arábia Saudita quanto Rússia disseram durante o fim de semana que vão elevar as produções de petróleo, depois de um acordo de três anos entre os países e outros importantes produtores da commodity, que agia para limitar a oferta, entrar em colapso na sexta-feira.
Os contratos futuros do petróleo Brent fecharam em queda de 10,91 dólares, ou 24,1%, a 34,36 dólares por barril. O vencimento chegou a cair 31% no início da sessão, quando bateu mínima de 31,02 dólares, menor nível desde 12 de fevereiro de 2016.
Já o petróleo dos Estados Unidos cedeu 10,15 dólares, ou 24,6%, e terminou o dia cotado a 31,13 dólares por barril. Mais cedo, o WTI chegou a perder 33%, tocando a marca de 27,34 dólares, também mínima desde 12 de fevereiro de 2016.
Esta segunda-feira marcou o maior declínio percentual para ambos os valores de referência desde 17 de janeiro de 1991, quando as cotações do petróleo recuaram em um terço devido à Guerra do Golfo.
Os volumes negociados para os contratos de primeiro mês de ambos os tipos de petróleo bateram máximas recordes.
Ações de empresas de energia também recuaram com força, e produtores norte-americanos de "shale" (petróleo não convencional) passaram a cortar gastos, antecipando-se à queda nas receitas. A Exxon Mobil (NYSE:XOM) recuou 12%, enquanto a Chevron teve tombo de 15%. No Brasil, a Petrobras (SA:PETR4) despencou 30%.
"O prognóstico para o mercado do petróleo é ainda mais terrível que o de novembro de 2014, quando tivemos pela última vez o início de uma guerra de preços dessa proporção, uma vez que agora ela ocorre ao lado de um colapso significativo na demanda por petróleo devido ao coronavírus", disse o Goldman Sachs em relatório.
(Reportagem adicional de Dmitry Zhdannikov em Londres, Aaron Sheldrick em Tóquio, Scott DiSavino e Jessica Resnick-Ault em Nova York, Shu Zhang em Cingapura)