Por Guy Faulconbridge e Elizabeth Piper e Kate Holton
LONDRES (Reuters) - O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, convocou ministros para uma reunião nesta segunda-feira, atiçando a especulação de que pode marcar uma eleição antecipada caso o Parlamento rejeite um plano do governo para uma separação britânica da União Europeia sem acordo, que oponentes temem levar o país a um Brexit desastroso.
A promessa de Johnson de romper com a UE em 31 de outubro com ou sem um acordo de saída colocou o país a caminho de uma crise constitucional e de um confronto com os outros 27 membros do bloco.
Uma aliança de parlamentares opositores está negociando com rebeldes do Partido Conservador para assumir o controle do Parlamento e atar as mãos do governo com uma legislação que impediria um Brexit sem acordo, que dizem que seria catastrófico para a economia.
Faltando 24 horas para o Parlamento voltar do recesso de verão, representantes do premiê alertaram os rebeldes que, se votarem contra o governo, serão expulsos do Partido Conservador.
Como não se sabe ao certo se o Parlamento dividido é capaz de encontrar uma solução para a crise do Brexit, as conversas se voltaram para uma possível eleição antecipada.
"Queremos uma eleição geral", disse o líder do Partido Trabalhista, Jeremy Corbyn, para eliminar o "bando falso e populista" de Johnson, acrescentou. "Precisamos nos unir para impedir uma saída sem acordo -- esta semana pode ser nossa última chance".
A editora de política da rede BBC, Laura Kuenssberg, disse que Johnson pode pedir aos parlamentares para aprovarem a convocação de uma eleição caso votem contra seu governo em relação ao Brexit.
Indagado se o premiê planeja uma eleição, seu porta-voz disse: "Ele foi perguntado sobre isso em muitas, muitas ocasiões, e sua resposta sempre foi que não quer que haja uma eleição".
Apostas indicam que uma votação em outubro é a maior probabilidade agora, segundo a casa de apostas Ladbrokes, já que existe uma probabilidade implícita de 75% de uma eleição antes do final de 2019.
O Reino Unido teve diversas votações extraordinárias nos últimos anos. Em 2014, os escoceses rejeitaram a independência em um referendo, e, em 2015, o então premiê David Cameron obteve uma maioria surpreendente graças a uma promessa de realizar um referendo sobre a filiação à UE, mas saiu derrotado no ano seguinte.
Depois de conquistar o cargo em meio ao caos que se seguiu ao referendo, sua sucessora, Theresa May, apostou em uma eleição antecipada em 2017, mas perdeu sua maioria parlamentar na votação.
Mais de três anos depois de 52% do Reino Unido decidir deixar a UE por meio de um referendo, ainda não está claro em que termos, ou mesmo se, o Brexit acontecerá.