Por Phil Stewart e Idrees Ali
WASHINGTON (Reuters) - Os Estados Unidos expressaram nesta quinta-feira preocupação crescente com o soldado Travis King, que entrou na Coreia do Norte há dois dias, dizendo que Pyongyang tinha um histórico de maltratar norte-americanos capturados.
A secretária do Exército dos EUA, Christine Wormuth, em seus primeiros comentários públicos sobre o caso, disse que o governo norte-americano estava totalmente mobilizado para tentar contatar Pyongyang, inclusive por meio dos canais de comunicação das Nações Unidas.
Mas a Coreia do Norte ainda não ofereceu qualquer resposta, disseram autoridades.
"Eu me preocupo com ele, francamente", disse Wormuth ao Fórum de Segurança de Aspen, no Colorado. Ela citou o caso de Otto Warmbier, um estudante universitário norte-americano que ficou preso na Coreia do Norte por 17 meses antes de morrer pouco depois de retornar aos Estados Unidos em coma em 2017.
"Eu me preocupo com a forma como eles podem tratá-lo. Então, (nós) o queremos de volta."
Na Casa Branca, o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, John Kirby, também expressou preocupação: "Este não é um país conhecido pelo tratamento humanitário aos norte-americanos -- ou, francamente, a qualquer outra pessoa".
As autoridades norte-americanas permaneceram perplexas sobre por que King cruzou a fronteira com a Coreia do Norte. Mas Wormuth reconheceu que provavelmente ele estava preocupado em enfrentar mais ações disciplinares do Exército ao voltar para casa nos Estados Unidos.
Ela disse que não tinha conhecimento de nenhuma informação que demonstrasse que o jovem de 23 anos era um simpatizante da Coreia do Norte, e o Pentágono minimizou as sugestões de que ele poderia apresentar um risco para a inteligência dos EUA.
Ainda vivo?
A porta-voz do Pentágono, Sabrina Singh, disse que o gabinete de contraespionagem do Exército dos EUA e as forças dos EUA na Coreia do Sul estavam realizando uma investigação sobre o que levou King a tomar uma decisão tão intrigante.
Singh se recusou a responder diretamente a uma pergunta sobre se o Pentágono acreditava que King ainda estava vivo. Ela disse que os militares dos EUA não poderiam oferecer nenhuma informação sobre o status de King.
"Não sabemos a condição dele. Não sabemos onde ele está detido. Não sabemos o estado de saúde dele", disse Singh.
A Coreia do Norte permaneceu em silêncio sobre King e autoridades dos EUA dizem que Pyongyang não respondeu à comunicação dos militares norte-americanos sobre o soldado. A mídia estatal da Coreia do Norte, que já noticiou a detenção de cidadãos norte-americanos, não comentou o incidente até agora.
Falando no Japão, o enviado especial dos EUA para a Coreia do Norte, Sung Kim, disse que os Estados Unidos estão "trabalhando muito" para determinar o status e o bem-estar de King e estão ativamente empenhados em garantir sua segurança e retorno. Ele não forneceu detalhes.