Por Emma Farge
DACAR (Reuters) - O surto de Ebola na África Ocidental ameaça reverter algumas das conquistas econômicas da Libéria alcançadas a partir do final da guerra civil entre 1989 e 2003, e o governo planeja cortar as projeções de crescimento para este ano, disse o ministro das Finanças, Amara Konneh, nesta terça-feira.
A economia da Libéria tinha uma expectativa de crescimento de 5,9 por cento este ano, mas Konneh disse que tal projeção já não era mais realista, devido a uma desaceleração nos setores de transportes e serviços e a uma retirada de trabalhadores estrangeiros por causa do Ebola.
O mais recente surto de Ebola, o mais letal já registrado, matou ao menos 887 pessoas na África Ocidental, 255 das quais na Libéria. A infecção tem se espalhado mais rapidamente na Libéria, com 77 novos casos registrados em apenas dois dias, levando as autoridades a impor medidas emergenciais como o fechamento de escolas e a quarentena em comunidades inteiras.
"Tentamos nos reconstruir após a guerra e agora temos um surto", disse Konneh à Reuters em uma entrevista por telefone, referindo-se à guerra civil que matou até 250 mil pessoas.
"Estamos agora trabalhando junto com o FMI em uma nova projeção de crescimento (econômico) e ela deve estar disponível até o fim de agosto", acrescentou.
Konneh pediu a empresas internacionais dos setores de construção, mineração e exploração de petróleo que não deixem a Libéria, apesar dos desafios. As exportações de minério de ferro e setores de serviços e construção robustos tem liderado o crescimento nos últimos anos e o governo tem encorajado a exploração de petróleo no mar.
"Minha mensagem é 'não deixem o país. Fiquem conosco --vamos enfrentar isso juntos'", disse ele, acrescentando que muitos trabalhadores estrangeiros já deixaram os país.
Konneh disse que o presidente Ellen Johnson-Sirleaf pediu ao Parlamento para realocar recursos do orçamento nacional para os setores de saúde e segurança, visando financiar as medidas de controle à disseminação do Ebola.
Mais uma parcela do total de 20 milhões de dólares reservados para o combate ao Ebola deve vir a partir de empréstimos junto a instituições internacionais como o Banco Mundial e o Banco Africano de Desenvolvimento, acrescentou o ministro.
O dinheiro também deve ser usado para subsidiar os preços dos alimentos, que segundo Konneh devem subir à medida que trabalhadores do campo deixem de trabalhar para evitar a contaminação ao sair de casa.
O surto de Ebola custou 12 milhões de dólares à economia da Libéria no segundo trimestre de 2014, informou o ministro.
"Isso pode parecer pouco dinheiro para os padrões internacionais, mas é muito para a Libéria --é dois por cento de nosso orçamento. Se o surto não for contido, vai causar sérias consequências à nossa economia e consequências sérias ao nosso povo", afirmou.