Por Ed Stoddard
PRETÓRIA (Reuters) - Eugene de Kock, líder de um esquadrão da morte nos tempos do apartheid e apelidado de "Mal Supremo" por seu papel na tortura e no assassinato de dezenas de ativistas negros sul-africanos nos anos 1980 e 1990, foi solto sob condicional nesta sexta-feira depois de mais de 20 anos na prisão.
O ministro da Justiça, Michael Masutha, disse que De Kock será libertado "no interesse da construção da nação e da reconciliação" e porque expressou remorso por seus crimes e ajudou as autoridades a recuperarem os restos mortais de algumas de suas vítimas.
A decisão, que foi adiada várias vezes ao longo do último ano, é polêmica em um país que ainda lida com o legado de repressão e brutalidade impostos pelo regime da maioria branca que prevaleceu entre 1948 e 1994.
"Ele não deveria ser solto. As atrocidades que cometeu com nosso povo foram muito ruins", disse Aniel Motlhake, planejador financeiro de 35 anos, à Reuters após o anúncio.
Muitos sul-africanos, entretanto, acreditam que o perdão é a única maneira de deixar para trás as lembranças do apartheid.
"Alguns de nossos irmãos negros mataram muitos brancos, e também houve brancos que mataram", opinou Joseph Dlamini, taxista de Joanesburgo, à Reuters. "Em algum momento precisamos perdoar uns aos outros".
A data da soltura do preso de 66 anos da prisão de alta segurança "C-Max" de Pretória será mantida em segredo, acrescentou Masutha.
O advogado de De Kock, Julian Knight, disse que não conseguiu contactar seu cliente e que por isso não poderia comentar sobre seu estado de espírito ou seus planos futuros.