Por Hyunjoo Jin e Josh Smith
SEUL (Reuters) - A crise de liderança na Coreia do Sul se agravou neste domingo com promotores apontando o presidente Yoon Suk Yeol como alvo de uma investigação criminal por conta da tentativa de colocar o país sob lei marcial na semana passada, de acordo com reportagem na imprensa local, e com a prisão do ex-ministro da Defesa.
Yoon conseguiu sobreviver a uma votação de impeachment no parlamento liderado pela oposição no final do sábado, provocada por sua tentativa de impor a lei marcial na terça-feira. O líder de seu próprio partido, contudo, disse que o presidente seria efetivamente excluído das funções antes de eventualmente renunciar.
Essa proposta, que pareceu receber aprovação tácita do primeiro-ministro nomeado por Yoon no domingo, foi condenada por parlamentares da oposição, que a descreveram como mais uma tentativa inconstitucional de concentrar poder ao evitar a renúncia ou o impeachment.
Milhares de pessoas protestaram em frente ao parlamento em Seul no domingo, pedindo o impeachment e a prisão de Yoon, além da dissolução do partido governista.
Ao declarar lei marcial na terça, Yoon mergulhou a quarta maior economia da Ásia e um importante aliado militar dos Estados Unidos na sua maior crise política em décadas, ameaçando arruinar a reputação da Coreia do Sul como exemplo de sucesso democrático.
O líder do partido de Yoon, o Partido do Poder Popular, Han Dong-hoon, afirmou, neste domingo, em uma coletiva de imprensa ao lado do primeiro-ministro, que Yoon não participaria de assuntos de relações exteriores e de Estado antes de sua renúncia.
No entanto, o presidente da Assembleia Nacional, Woo Won-shik, declarou que era inconstitucional delegar a autoridade presidencial ao primeiro-ministro e ao partido governista sem impeachment. Woo propôs uma reunião entre partidos rivais para discutir formas de suspender imediatamente os poderes presidenciais de Yoon.
O principal partido de oposição, o Partido Democrático (DP), pediu a suspensão imediata das funções presidenciais de Yoon e que ele fosse destituído da autoridade de controlar as forças armadas. O DP também pediu a prisão de Yoon e de oficiais militares relacionados ao fiasco com a lei marcial.
Yoon chocou a nação na noite de terça-feira ao conceder ao exército amplos poderes emergenciais para combater o que ele chamou de "forças antiestatais" e opositores políticos obstrucionistas. Ele revogou a ordem seis horas depois, após o parlamento desafiar os cordões militares e policiais para votar, por unanimidade, contra o decreto.
A agência de notícias Yonhap informou que os promotores "indiciaram" Yoon, um processo que na Coreia do Sul envolve a nomeação formal de sujeitos de investigação.
Os promotores não puderam ser imediatamente contatados para comentar a reportagem.
Três partidos de oposição apresentaram uma queixa à promotoria contra Yoon, o ex-ministro da Defesa Kim Yong-hyun e o comandante da lei marcial Park An-su, acusando-os de insurreição. O crime de liderar uma insurreição é punível com a pena de morte ou prisão perpétua, com ou sem trabalhos forçados.
A equipe especial de investigação da promotoria prendeu Kim no domingo e apreendeu seu telefone celular, informou em um breve comunicado aos repórteres. Antes da prisão, os investigadores interrogaram Kim, que compareceu voluntariamente ao Escritório Central da Promotoria do Distrito de Seul na manhã de domingo, informou a Yonhap.
(Reportagem de Hyunjoo Jin, Josh Smith, Hyunsu Yim, Ju-min Park e Eduardo Baptista)