Por Elizabeth Piper e Kylie MacLellan e William James
LONDRES (Reuters) - A importante apoiadora do Brexit Andrea Leadsom se demitiu do governo da primeira-ministra britânica, Theresa May, nesta quarta-feira, elevando a pressão sobre a líder após uma nova proposta para a o Brexit ter saído pela culatra, alimentando pedidos por sua saída.
Até agora, May resistiu, prometendo continuar em sua missão, apesar da oposição à sua proposta de conseguir aprovar um acordo para o Brexit no Parlamento ao flexibilizar sua postura sobre um segundo referendo e acordos alfandegários.
A renúncia de Leadsom aprofunda ainda mais a crise do Brexit, drenando a autoridade de uma líder já enfraquecida. Quase três anos depois de os britânicos terem votado pela saída da União Europeia, não está claro quando, ou mesmo se, o Brexit irá acontecer.
Leadsom, líder da Câmara dos Comuns, disse que não poderia anunciar o novo projeto para o acordo de retirada, no parlamento na quinta-feira, pois ela não acredita no plano.
"Eu não acredito mais que nossa abordagem irá entregar o resultado do referendo", disse Leadsom, outrora rival de May na disputa para se tornar primeira-ministra. "É portanto com grande pesar e com um coração pesado, que eu saio do governo".
Um porta-voz de Downing Street expressou decepção com a decisão, mas acrescentou: "A primeira-ministra continua focada em entregar o Brexit que foi escolhido pelo povo".
May pode ainda tentar aprovar seu novo plano para o Brexit, que inclui uma votação sobre um segundo referendo para o Brexit -- depois que o projeto passar a primeira fase -- assim como acordos comerciais mais próximos com a UE.
Mas a nova proposta foi recebida com uma rápida reação negativa, com diversos parlamentares que já a apoiaram em votações anteriores dizendo que não poderiam apoiar o novo plano, principalmente por conta de sua brusca mudança em relação à possibilidade de um segundo referendo.
"Eu sempre sustentei que um segundo referendo poderia ser perigosamente controverso, e eu não apoio que o governo facilite de boa vontade essa concessão", disse Leadsom.
"Ninguém gostaria de vê-la ter sucesso mais do que eu", escreveu Leadsom a May. "Mas agora peço que tome as decisões certas no melhor interesse do país, deste governo e de nosso partido".
O parlamentar do Partido Trabalhista Ian Lavery, diretor da oposição, disse que a saída de Leadsom mostra que "a autoridade da primeira-ministra foi afetada, e seu tempo acabou".
"Pelo bem do país, Theresa May precisa sair, e precisamos imediatamente de uma eleição geral", afirmou.