Por Nicolás Misculin
BUENOS AIRES (Reuters) - A ex-presidente da Argentina, Cristina Fernández de Kirchner, busca aliados no peronismo como parte do retorno político que planeja para enfrentar o mandatário Mauricio Macri e suas reformas econômicas neoliberais na eleição de outubro, mas não está sendo fácil.
A líder política de centro-esquerda ainda tem amplo respaldo popular, mas continua dividindo o movimento peronista, a força política dominante na Argentina desde a década de 1940.
Nas últimas semanas, assessores de Cristina se reuniram com representantes das facções ideologicamente diversas que compõem o movimento.
As reuniões, que em última instância podem não render frutos, foram com peronistas mais moderados que poderiam ajudar Cristina a ampliar sua base de apoio.
Neste ano a ex-presidente recebeu o respaldo de líderes regionais do peronismo, que tentam aproveitar a popularidade de Cristina para impulsionar suas próprias candidaturas locais.
Mas a resposta de outros líderes do peronismo ao redor do país foi majoritariamente de recusa, segundo fontes entrevistadas pela Reuters, o que provoca dúvidas sobre sua capacidade de vencer Macri, um ex-empresário de centro-direita.
"Mais de 70 por cento das pessoas estão aborrecidas com o governo. Se conseguirmos nos juntar principalmente a esta oposição, devemos nos sair bem", opinou à Reuters o deputado José Luis Gioja, que preside o fragmentado peronismo.
Mas "conseguir a unanimidade é difícil", admitiu o parlamentar, que vê com bons olhos uma candidatura de Cristina.
Muitos rivais dentro do peronismo se distanciaram de Cristina devido a disputas internas de poder e ao estilo agressivo que veem na atual senadora.
Cristina tem intenção de participar das eleições, disseram fontes à Reuters em fevereiro, embora ainda não tenha lançado oficialmente sua candidatura.
Embora as pesquisas mostrem um empate entre os dois, sua volta poderia ser uma boa notícia para Macri, já que divide a oposição em campos rivais.
Caso ela concorra, o apoio de Cristina aos generosos programas sociais e às políticas econômicas protecionistas se chocarão com a intenção de Macri de reduzir o Estado, cortar subsídios e manter um acordo de financiamento de 56,300 bilhões de dólares acertado com o Fundo Monetário Internacional (FMI) para lidar com a crise econômica atual.