Por Andrew Osborn e Maria Tsvetkova
MOSCOU (Reuters) - Um tribunal russo decretou a prisão do opositor ao Kremlin Alexei Navalny nesta terça-feira, ignorando pressões do Ocidente, em uma decisão que, segundo o político de oposição, acontece por conta do medo e ódio sentido pelo presidente russo Vladimir Putin em relação a ele.
O tribunal em Moscou sentenciou Navalny a três anos e meio de prisão, mas seu advogado diz que o blogueiro anticorrupção cumpriria dois anos e oito meses na cadeia devido ao tempo que já passou em prisão domiciliar.
Os advogados de Navalny dizem que irão recorrer da decisão.
A condenação, que segue uma série de protestos por toda a Rússia pedindo a libertação de Navalny, vai afetar ainda mais as relações com o Ocidente, que considera impor sanções sobre a Rússia por sua condução do caso.
Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha e União Europeia pediram que Moscou liberte imediatamente Navalny, com o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, dizendo que Washington irá coordenar de maneira próxima com seus aliados para responsabilizar a Rússia.
A Rússia, no entanto, já está sob uma série de sanções de potências ocidentais, e analistas dizem que as opções para exercer mais pressão sobre Putin são limitadas. Um aliado de Navalny havia apelado ao Ocidente antes da audiência pedindo sanções pessoais para o círculo mais próximo de Putin.
O governo russo sugere que Navalny é um ativo da CIA, acusação que é rejeitada pelo ativista, e já pediu que os países ocidentais fiquem de fora de seus assuntos domésticos.
Navalny, um dos principais críticos de Putin, foi detido em 17 de janeiro por supostas violações de sua condicional, após voltar da Alemanha, onde se recuperava de um envenenamento por um agente nervoso de grau militar. O crítico de Putin diz que agentes de segurança da Rússia colocaram veneno em sua roupa de baixo, algo que o Kremlin nega. Ele usou a audiência de terça-feira para tentar estabelecer o papel de Putin na história.
"O único método de Putin é matar pessoas. Não importa o quanto ele faça de conta que é um grande geopolítico, ele entrará na história como um envenenador. Existiram Alexandre, o Libertador, Yaroslav, o Sábio, e Putin, o Envenenador de Cuecas", disse Navalny.
(Reportagem adicional de Gleb Stolyarov, Polina Nikolskaya, Gabrielle Tétrault-Farber, Tom Balmforth, Maxim Rodionov, Polina Devitt e Anton Zverev)