Por Marc Frank e Nelson Acosta
HAVANA (Reuters) - Cubanos vão às urnas neste domingo em uma votação que deve aprovar uma nova constituição que institui modestas mudanças econômicas e sociais ao mesmo tempo em que mantém o sistema socialista de único partido.
O debate sobre a constituição dominou a política no país por meses, enquanto cubanos sofrem com a estagnação econômica e conforme o aprofundamento da crise na Venezuela coloca seus aliados no fogo cruzado do governo do presidente norte-americano Donald Trump.
Muitos evangélicos cubanos devem votar contra a proposta porque temem que abra espaço para casamento gay, enquanto a Igreja Católica também lançou críticas.
Uma campanha para rejeitar a constituição por arraigar o Comunismo foi lançada na mídia social por dissidentes e exilados.
"Neste 24 (de fevereiro) a rejeição do povo cubano ao sistema imposto pelo partido Comunista será sentida", escreveu no Twitter Rosa Maria Paya, líder da organização Cubadecide, que reúne oponentes do governo dentro e fora de Cuba.
O governo orquestrou um debate de base sobre um texto preliminar da nova constituição no ano passado, mas desde que aprovou a versão final para votação de domingo usou seu monopólio em espaços públicos e mídia tradicional para pressionar pela aprovação.
Observadores locais e estrangeiros disseram esperar entre 70 e 80 por cento dos eleitores ratifiquem a nova constituição e um número maior de abstenções entre os 8 milhões de eleitores registrados.
A atual versão de 1976 da constituição foi aprovada por 97,8 por cento do eleitorado.
"Os cubanos tiveram a oportunidade de debater a constituição em seus bairros e locais de trabalho", disse Lazaro Rodriguez, 58, enquanto fazia compras em um mercado na cidade de Havana.
"Atualiza nosso sistema econômico, que não é muito bom, mas estamos tentando modernizar e isso é muito positivo", afirmou ele, acrescentando que votaria a favor da nova constituição.
As mudanças propostas refletem a gradual abertura de Cuba desde a queda da União Soviética. Há referências a mercados e reconhecimento de propriedade privada, investimento estrangeiro, pequenos negócios, identidade de gênero, internet e o direito de representação legal em caso de prisão e habeas corpus.
A nova constituição também prevê reestruturação do governo, adicionando um primeiro-ministro e estabelecendo limites de mandatos para presidente, entre outras mudanças.
Os resultados da votação serão anunciados na segunda-feira.
(Por Marc Frank, com reportagem adicional de Nelson Acosta)