Por Valerie Volcovici
(Reuters) - Os países vistos como responsáveis por ações fortes contra as mudanças climáticas falarão nesta quarta-feira em uma cúpula especial sobre o clima, com os Emirados Árabes Unidos tendo a última palavra.
Com a cúpula anual da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre o clima deste ano, a COP28, marcada para o final do ano na cidade de Dubai, nos Emirados Árabes, o secretário-geral da entidade, António Guterres, pediu aos formuladores de políticas dos países que intensifiquem os esforços para controlar as emissões de gases que causam o aquecimento global.
"Não tenho certeza se todos os líderes estão sentindo o calor", disse Guterres durante seu discurso de abertura na Assembleia Geral da ONU desta semana em Nova York, acrescentando que os esforços estavam "ficando abissalmente aquém".
Ao todo 34 países foram convidados a falar na Cúpula de Ambição Climática desta quarta-feira, incluindo Brasil, Canadá, União Europeia, Paquistão, África do Sul e Tuvalu.
Os dois maiores poluidores do mundo -- os Estados Unidos e a China -- não constam na lista, embora o enviado especial dos EUA para as mudanças climáticas, John Kerry, deva estar presente na audiência. A missão da China na ONU não respondeu imediatamente aos comentários.
Embora os Emirados Árabes não estivessem entre os países selecionados por Guterres para falar sobre seus planos climáticos, o presidente da COP28, Sultan Ahmed al-Jaber, falará no final sobre as prioridades do país para a cúpula de duas semanas que começa em 29 de novembro.
Guterres disse que espera que a minicúpula de um dia inspire mais investimentos e ações de países e empresas para alinhar seus planos climáticos com a meta global de atingir emissões líquidas zero até 2050.
A cúpula climática também deve contar com a participação de instituições financeiras internacionais, agências multilaterais de empréstimo, incluindo o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional, bem como Londres e o Estado da Califórnia.
O objetivo da cúpula não é "envergonhar" os países que estão atrasados em suas ações, mas sim mostrar aqueles que estão avançando, disse o assessor climático de Guterres, Selwin Hart, em entrevista à Reuters nesta semana.
Somente os países que planejam atualizar suas metas de corte de emissões para atingir emissões líquidas zero, incluindo alguns que se comprometem a eliminar gradualmente o uso de combustíveis fósseis sem depender de compensações de carbono, foram convidados a falar.
Na terça-feira, duas fontes governamentais disseram à Reuters que o Brasil deve anunciar uma revisão das suas metas climáticas no evento.
O país instituirá um limite anual de 1,32 gigatonelada de emissões de gases do efeito estufa até 2025, equivalente a uma redução de 50% em relação a 2005, disse uma autoridade, que pediu anonimato porque não está autorizada a falar com a imprensa antes do anúncio.
O Brasil ainda pretende limitar as emissões a 1,20 gigatonelada até 2030, uma redução de 53% em relação a 2005, disse a fonte. As novas metas seriam mais ambiciosas do que as dos Estados Unidos, que se comprometeram a reduzir as emissões em entre 50% e 52% até 2030, também em comparação com 2005.