Por Poppy McPherson e Panu Wongcha-um
BANGCOC (Reuters) - Vários líderes da região Ásia-Pacífico, que se reuniam para uma cúpula econômica na capital tailandesa de Bangcoc, interromperam seu encontro nesta sexta-feira para condenar a Coreia do Norte após o teste de um míssil balístico intercontinental.
A vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, convocou uma reunião de emergência de líderes da Austrália, Japão, Coreia do Sul, Canadá e Nova Zelândia à margem da cúpula depois que a Coreia do Norte realizou o teste de míssil apenas uma hora antes de seu início.
"Esta conduta mais recente da Coreia do Norte é uma violação descarada de várias resoluções do Conselho de Segurança da ONU", disse ela. "Isso desestabiliza a segurança na região e aumenta desnecessariamente as tensões."
Antes disso, o primeiro-ministro tailandês, Prayuth Chan-ocha, havia pedido aos participantes da cúpula para buscarem crescimento e desenvolvimento sustentáveis após os desafios econômicos e sociais da Covid-19, mudanças climáticas e rivalidades geopolíticas.
"Não podemos mais viver como antes. Precisamos ajustar nossa perspectiva, modos de vida e formas de fazer negócios", disse ele a uma platéia que incluía Kamala Harris e o presidente da China, Xi Jinping.
Estabelecida para promover a integração econômica, a Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico (Apec) agrupa 21 países que respondem por 38% da população global, 62% do Produto Interno Bruto e 48% do comércio.
Prayuth não se referiu ao míssil da Coreia do Norte, que, segundo autoridades japonesas, caiu a apenas 200 quilômetros do Japão e tinha alcance suficiente para atingir o território continental dos Estados Unidos.
O encontro da Apec é a terceira cúpula na região desde a semana passada. Uma cúpula do Sudeste Asiático que incluiu China, Japão e Estados Unidos foi realizada no Camboja, enquanto países do G20 se reuniram na ilha de Bali, na Indonésia.
Xi, alertando sobre as tensões da Guerra Fria em uma região que é foco da competição entre Pequim e Washington, disse nesta quinta-feira que a Ásia-Pacífico não é quintal de ninguém e não deve se tornar uma arena de rivalidade entre grandes potências.
"Nenhuma tentativa de travar uma nova Guerra Fria jamais será permitida pelo povo ou por nossos tempos", disse Xi em comentários em um evento de negócios vinculado à cúpula.
(Reportagem de Chayut Setboonsarng, Poppy McPherson, Panarat Thepgumpanat, Juarawee Kittisilpa e Panu Wongcha-um em Bangcoc)