Por Gabriela Baczynska e Francesco Guarascio
BRUXELAS (Reuters) - Líderes da União Europeia dirão à primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, que ela pode ter dois meses para organizar a desfiliação britânica do bloco, mas que Londres pode enfrentar uma separação imensamente problemática na próxima sexta-feira se a premiê não obtiver a concordância do Parlamento britânico para seu acordo com a UE.
A libra esterlina está pressionada, uma vez que os investidores viram o risco de um Brexit sem acordo crescer devido aos sinais de impaciência entre os líderes da UE que se encontrarão com May para uma cúpula de 24 horas em Bruxelas.
Diplomatas da UE disseram que o pedido da premiê por um adiamento até 30 de junho provavelmente terá como resposta uma preferência do bloco para que o Reino Unido finalize as formalidades e inicie um período de transição para sua saída antes de os europeus elegerem um novo Parlamento a partir de 23 de maio.
O fato de a chanceler alemã, Angela Merkel, ter repetido em Berlim, antes de partir para Bruxelas, que "lutará até o último minuto" para evitar um Brexit sem acordo aumentou a sensação de perigo. May pode conseguir uma prorrogação, idealmente até maio, ao invés de junho, disse ela. No entanto, se não tiver o apoio de Londres para um pacto, os europeus estão preparados para o pior.
O que decidirá o destino de uma das maiores potências econômicas da Europa é se os próprios parlamentares britânicos reverterão na semana que vem as duas derrotas que impuseram ao tratado de retirada que May acertou com a UE em novembro. Como o Parlamento e os partidos políticos estão divididos, o impasse pode levar o Reino Unido a mergulhar em um limbo legal fora do bloco no dia 29 de março.
Se o acordo for preservado, os líderes da UE provavelmente aprovarão uma prorrogação do prazo final até meados de maio, ou talvez até o final de junho, antes de o novo Parlamento do bloco se reunir.
"Poderíamos estudar uma prorrogação curta condicionada por uma votação positiva do Acordo de Retirada na Câmara dos Comuns", disse o anfitrião da cúpula da UE, Donald Tusk, aos líderes na quarta-feira.
Diplomatas dizem que uma reunião de enviados nacionais indicou que a maioria dos governos preferiria que o Reino Unido saísse até meados de maio ou obrigá-lo a realizar sua própria eleição parlamentar em 23 de maio.
Mas se May fracassar na próxima semana, os líderes esperam se reencontrar para um conselho de emergência no qual Londres poderia receber um ano adicional ou mais para resolver sua crise – se puder convencê-los de que tem um plano para isso – ou ser informado de que sairá na sexta-feira.