Por Makini Brice e Steve Holland
WASHINGTON (Reuters) - Os advogados do ex-presidente norte-americano Donald Trump rejeitaram na quinta-feira uma solicitação dos democratas para que ele prestasse depoimento em seu julgamento de impeachment no Senado dos Estados Unidos na próxima semana, classificando o convite como uma "manobra de relações públicas".
Os democratas da Câmara dos Deputados dos EUA que participam do julgamento de impeachment pediram que Trump deponha a respeito de sua conduta antes de centenas de seus apoiadores realizarem um ataque contra o Capitólio, no qual cinco pessoas morreram, incluindo um policial.
"O presidente não irá testemunhar em um processo inconstitucional", disse à Reuters o conselheiro de Trump Jason Miller. Em uma carta aberta, os advogados de Trump, Bruce Castor e David Schoen, chamaram o pedido de "manobra de relações públicas".
No mês passado, a Câmara aprovou o impeachment de Trump acusando-o de incitar uma insurreição em um discurso incendiário, no qual exortou seus seguidores a "lutarem" contra sua derrota eleitoral pouco antes de eles invadirem o Capitólio, onde se chocaram com a polícia e obrigaram parlamentares a buscar segurança.
Nesta semana, os advogados de Trump rejeitaram a acusação, replicando que ele "cumpriu suas tarefas de presidente plena e fielmente" e afirmando que suas alegações de que a derrota eleitoral foi resultado de uma fraude generalizada – o que não tem fundamento – estão protegidas pela Primeira Emenda da Constituição dos EUA.
"À luz de sua contestação destas alegações factuais, escrevo para convidar o senhor a dar um depoimento sob juramento, seja antes ou durante o julgamento de impeachment no Senado, a respeito de sua conduta em 6 de janeiro de 2021", escreveu o parlamentar democrata Jamie Raskin, responsável pelo impeachment na Câmara, em uma carta a Trump e seus advogados.
"Se você recusar este convite, nos reservamos todo e qualquer direito, incluindo o direito de estabelecer no julgamento que sua recusa em testemunhar corrobora uma forte inferência adversa em suas ações (e inação) em 6 de janeiro de 2021", acrescentou Raskin.
Em resposta, os advogados de Trump escreveram a Raskin: "Sua carta apenas confirma o que é conhecido de todos: você não pode provar suas acusações contra o 45º presidente dos Estados Unidos, que agora é um cidadão comum."