Por Nandita Bose e David Morgan
WASHINGTON (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, não deveria visitar Kenosha, a cidade de Wisconsin onde eclodiram protestos na semana passada depois que um homem negro foi baleado nas costas por um policial branco, disse o vice-governador democrata do Estado neste domingo.
O presidente, um republicano que assumiu uma posição dura contra os protestos raciais no país, visitará a cidade do Meio-Oeste norte-americano na terça-feira, informou a Casa Branca na noite de sábado, gerando preocupação entre os democratas de que isso aumente as tensões.
“Eles centralizaram uma convenção inteira em torno da criação de mais animosidade e da criação de mais divisão em torno do que está acontecendo em Kenosha”, disse o vice-governador de Wisconsin, Mandela Barnes, à CNN, referindo-se à Convenção Nacional Republicana realizada na semana passada.
“Portanto, não sei como ele, considerando qualquer uma de suas declarações anteriores, pretende vir aqui e ser útil, e nós absolutamente não precisamos disso agora”, acrescentou.
O episódio de 22 de agosto envolvendo Jacob Blake, que foi baleado na frente de três de seus filhos, transformou Kenosha, uma cidade predominantemente branca ao sul de Milwaukee, no mais recente foco de manifestações nos EUA contra a brutalidade policial e o racismo.
Críticos acusam Trump, que enfrentará o ex-vice-presidente Joe Biden nas eleições presidenciais no dia 3 de novembro nos EUA, de tentar exacerbar a violência com uma retórica incendiária.
Os republicanos negam, dizendo que Trump quer restaurar a lei e a ordem.
A deputada norte-americana Karen Bass, que preside o Congressional Black Caucus, também afirmou que a visita de Trump a Kenosha só piorará as coisas.
“Sua visita tem um propósito e um único propósito, que é trazer mais agitação”, disse a democrata ao programa “Estado da União” da CNN. “Faltam 66 dias para a eleição e acho uma tragédia termos um presidente que está fazendo tudo o que pode para atiçar as chamas.”
Os republicanos sugeriram que as autoridades estaduais demoraram a restaurar a ordem e disseram que o governo federal estava pronto para fornecer reforço, incluindo em Portland, no Oregon, onde uma pessoa foi morta a tiros na noite de sábado enquanto manifestantes de grupos rivais se enfrentaram na cidade do noroeste norte-americano.
“Qualquer governador, republicano ou democrata... pode solicitar ajuda do governo federal. Estamos dispostos a entrar, estamos dispostos a fornecer recursos adicionais como fizemos em Kenosha”, disse o chefe de gabinete da Casa Branca, Mark Meadows, ao programa “Meet the Press”, da NBC.
“Todas as opções continuam sobre a mesa” para resolver os protestos de Portland, incluindo o envio de assistência federal, afirmou o secretário de Segurança Interna, Chad Wolf, ao programa “This Week” da ABC neste domingo.