Por Susan Heavey e Rami Ayyub
WASHINGTON/JERUSALÉM (Reuters) - A parlamentar democrata norte-americana Rashida Tlaib rejeitou nesta sexta-feira uma oferta de Israel de permitir que ela viaje à Cisjordânia, dizendo que não visitará a família no território porque o governo israelense impôs "condições opressivas" para humilhá-la.
Tlaib, democrata da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos que critica a política israelense para os palestinos, planejava fazer uma visita oficial a Israel com a também congressista democrata Ilhan Omar, do Minnesota.
Sob pressão do presidente republicano dos EUA, Donald Trump, na quinta-feira o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse que não permitiria que a dupla faça a viagem planejada a Israel – mas nesta sexta-feira o Estado judeu decidiu permitir que Tlaib visite sua família na Cisjordânia sob ocupação israelense por razões humanitárias.
Mas a deputada do Michigan rejeitou a oferta.
"Não posso permitir que o Estado de Israel tire essa luz me humilhando e use meu amor por minha sity (avó) para me curvar às suas políticas opressivas e racistas", tuitou.
"Silenciar-me e tratar-me como uma criminosa não é o que ela quer para mim. Isso mataria um pedaço de mim. Decidi que visitar minha avó sob estas condições opressivas vai contra tudo em que acredito – lutar contra o racismo, a opressão e a injustiça", acrescentou.
O Ministério do Interior de Israel disse ter recebido uma carta da deputada na quinta-feira pedindo permissão para visitar a família e ter atendido seu pedido.
Em seus tuítes, Tlaib não delineou quais foram as condições impostas para sua visita, mas a mídia israelense noticiou que ela concordou em não promover boicotes a Israel como parte de sua solicitação ao Ministério das Relações Exteriores.
Tlaib e Omar expressaram apoio ao movimento pró-palestino Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS), que se opõe à ocupação israelense e às políticas para os palestinos na Cisjordânia e em Gaza. Pela lei israelense, apoiadores do BDS podem ser impedidos de ingressar no país.
O ministro do Interior de Israel, Aryeh Deri, que havia aprovado seu pedido, repudiou sua decisão de não fazer a visita.
"No fim, foi uma provocação para constranger Israel. Seu ódio por Israel supera seu amor pela avó", tuitou.