Por Michelle Martin
BERLIM (Reuters) - O desemprego retratado num filme competindo no Festival de Cinema de Berlim é um fator por trás do crescente apoio a populistas como o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e a política de direita francesa Marine Le Pen, disse a diretora da obra.
"Colo" mostra a luta de uma família portuguesa para se sustentar quando o pai está desempregado, e a mãe está exausta por trabalhar muitas horas num país ainda se recuperando da depressão econômica do início desta década.
Sem poder pagar as contas, a família tem a eletricidade cortada, usa velas e carrega os celulares no apartamento do vizinho. O pai come comida que ele encontra no lixo, e a filha se esquiva de pagar passagem, já que não tem dinheiro para o ônibus escolar.
Ao mesmo tempo que os personagens do filme não mostram as suas visões políticas, a diretora Teresa Villaverde disse ser provável que pessoas nesse tipo de situação deem uma guinada para a direita extrema.
"Com desemprego e tudo mais, as pessoas ficam perdidas, e então vem alguém como Donald Trump, ou, na Europa, essas novas pessoas de direita, como Marine Le Pen”, afirmou a diretora após a première do filme nesta quarta-feira.
"Há muitos países que têm uma longa tradição democrática e para a nossa surpresa nós vemos o retorno dos partidos de direita na Europa. Nós pensamos que nunca veríamos isso novamente”, declarou.
O filme busca mostrar a crise e a solidão de uma família ao retratar como pessoas que mesmo morando juntas num apartamento pequeno não se conhecem realmente, e como os problemas existentes são amplificados pela falta de dinheiro, afirmou a diretora.