Por Stephen Eisenhammer
MARIANA, Minas Gerais (Reuters) - Autoridades brasileiras estão investigando o que seria a morte de uma segunda vítima do rompimento de barragens da mineradora Samarco, que deixou dezenas de desaparecidos em lama de rejeitos e provocou estragos em uma extensão de mais de 80 quilômetros.
Dessa forma, autoridades acreditam que o número de mortos pode subir. Entre os desaparecidos, a mineradora disse que há 13 trabalhadores vítimas do incidente que o governo de Minas Gerais descreveu como o pior desastre ambiental do Estado.
"O número de mortos vai subir com certeza... O número de desaparecidos vai subir porque estamos conversando com os moradores do (distrito de) Bento (Rodrigues) e algumas pessoas ainda não foram encontradas", disse o prefeito da cidade de Mariana, Duarte Júnior (PPS), a jornalistas.
Autoridades da cidade de Mariana divulgaram uma lista parcial de pessoas desaparecidas, incluindo três crianças, com idades entre 4 e 7 anos, e uma mulher de 60 anos.
A dona da mina, a Samarco, é uma é uma joint venture da maior mineradora do mundo, a BHP Billiton, com a maior produtora de minério de ferro, a brasileira Vale. A limpeza e os reparos devido ao incidente poderão custar às empresas uma fortuna.
Um promotor público estadual, baseado em Mariana, afirmou neste sábado que vai buscar 500 mil reais em danos pessoais para cada uma das cerca de 200 famílias mais afetadas pelo desastre.
Enquanto ainda não está claro o que causou o colapso das barragens, a Samarco declarou no sábado que os trabalhadores estavam fazendo trabalhos programados normais em uma das barragens para aumentar o seu tamanho quando ela se rompeu.
O rompimento de barragens de rejeitos de mineração da Samarco, que ocorreu na quinta-feira, gerou uma torrente de lama que se moveu rapidamente para baixo, envolvendo o distrito de Bento Rodrigues, de 600 residentes, em um mar de lama. O rompimento também inundou outros locais mais distantes da mina.
"Eles não disseram para nós que a lama viria com tanta força. Perdemos tudo muito rápido. Teremos que ver quanto as empresas vão pagar", disse a dona de casa Losangeles Domingos Freitas, 48.
Seu vizinho Bernardo Trindade, um encanador de 58 anos, disse que as autoridades advertiram que o rio atrás de sua casa iria encher por um metro ou dois. Mas as águas subiram mais de 10 metros, disse ele, varrendo sua casa às 3 da manhã, quase meio dia após o rompimento das barragens.
"Tiramos o que podíamos e corremos para cima", disse Trindade. "Fomos informados de que não seria tão ruim."
Meia dúzia de veículos com água e suprimentos de emergência passaram por Barra Longa no caminho para Gesteira, uma das várias vilas remotas ao longo do rio que as equipes de resgate ainda não haviam chegado.
RISCOS AMBIENTAIS
Enquanto as equipes de resgate trabalharam para chegar às comunidades isoladas, funcionários do Estado estavam tomando precauções para conter as consequências ambientais do rompimento das barragens.
As barragens retinham os chamados rejeitos, massa de resíduos de rocha moída e água que sobra de processos realizados para a melhoria da qualidade do minério de ferro, que podem conter substâncias químicas nocivas.
Autoridades da defesa civil disseram que as autoridades estaduais de saneamento iriam testar a toxicidade. Enquanto isso, moradores que entraram em contato com a lama foram aconselhados a tomar banho e descartar suas roupas.
A Samarco procurou minimizar esses temores, dizendo que não havia elementos químicos nas barragens de rejeitos que representavam riscos para a saúde quando o acidente ocorreu.
O diretor-presidente da Samarco disse que licenças ambientais da mina estavam em dia e as barragens haviam sido inspecionadas em julho.