RIO DE JANEIRO (Reuters) - A presidente Dilma Rousseff disse nesta quinta-feira que o vice-presidente Michel Temer, que nesta semana assumiu o comando da articulação política do governo, terá autonomia na nova função e elogiou o auxiliar por sua "imensa capacidade" de construir consensos.
Dilma, que tem sofrido com tensões em sua base aliada no Congresso, disse que Temer poderá usar a autoridade de vice-presidente e a experiência de ter sido parlamentar e de ter presidido a Câmara dos Deputados.
"O vice-presidente, assim como qualquer outro do nosso governo, leva em consideração que a nossa base é integrada por diversos partidos... a autonomia está dada, porque ele integra o governo e não é estranho ao governo. Ele vive o dia-a-dia do governo", disse a presidente a jornalistas em Duque de Caxias, após participar de cerimônia de entrega de residências do Minha Casa Minha Vida.
"Minha avaliação (sobre Temer na articulação política) é a melhor possível. Tenho certeza que o vice-presidente Temer tem todas as condições, com a sua autoridade de vice; em segundo lugar tem a experiência da vida como presidente da Câmara... e tem também imensa capacidade para o diálogo, construir a relação necessária para uma coalizão da envergadura da nossa."
Temer assumiu a coordenação política do governo Dilma nesta semana depois de o ministro da Aviação Civil, Eliseu Padilha, que é do PMDB e próximo de Temer, recusar o convite para substituir o petista Pepe Vargas como ministro da Secretaria de Relações Institucionais.
Como o convite a Padilha vazou, a solução encontrada por Dilma foi colocar a articulação sob comando de Temer e incorporar a SRI à Vice-Presidência. Vargas, por sua vez, assumiu o comando da Secretaria de Direitos Humanos no lugar da também petista Ideli Salvatti.
Com a ida de Temer, que também preside do PMDB, para a articulação, Dilma coloca na interlocução com o Congresso o presidente do maior partido de sua coalizão, que já detém os comandos da Câmara e do Senado e que tem sido a principal fonte de dor de cabeça para o governo no Legislativo.
TERCEIRIZAÇÃO
Dilma comentou também o projeto de lei sobre terceirização, aprovado na noite de quarta-feira na Câmara dos Deputados. Ela disse que o governo acompanha com interesse a questão e disse que a legislação não pode retirar direitos dos trabalhadores.
"A lei da terceirização está em processo de aprovação e eu acredito que há uma questão da terceirização que tem que ser tratada. Agora, a posição do governo é que a terceirização não pode comprometer direitos dos trabalhadores", disse Dilma.
O PT tem posição contrária à lei por entender que, se aprovada, ela implicará em precarização nas relações de trabalho. Sindicalistas também realizaram manifestações contra a proposta e chegaram a entrar em confronto com a polícia em frente ao Congresso.
"Não podemos desorganizar o mundo do trabalho e temos que garantir que as empresas contratadas assegurem salários, impostos e contribuições previdenciárias. Nesse sentido, vemos com muito interesse sobre como vai se desdobrar a votação daqui para frente, principalmente da responsabilização solidária das empresas contratadas", disse Dilma.
(Por Rodrigo Viga Gaier)