Por Simon Lewis e Suleiman Al-Khalidi
AQABA, JORDÂNIA (Reuters) - Diplomatas de Estados Unidos, Turquia, União Europeia e de países árabes concordaram que o novo governo na Síria deve respeitar os direitos das minorias, afirmou o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, neste sábado, após conversas na Jordânia e contatos diretos com os rebeldes que derrubaram o presidente Bashar al-Assad.
As reuniões foram realizadas no momento em que potências regionais e globais disputam influência sobre o governo que substituirá Assad, forçado a fugir uma semana atrás.
Blinken afirmou em uma entrevista coletiva que o grupo concordou com um comunicado conjunto que também pede um governo inclusivo e representativo que respeite os direitos das minorias e não ofereça “uma base para grupos terroristas”.
“O acordo de hoje (sábado) envia uma mensagem unificada à nova autoridade interina e partes envolvidas na Síria sobre os princípios cruciais para garantir apoio e reconhecimento muito necessários”, afirmou Blinken.
Ele também disse que autoridades dos EUA agora têm “contato direto” com o grupo Hayat Tahrir al-Sham (HTS) e pediu que eles e outros grupos rebeldes ajudem a localizar o jornalista norte-americano Austin Tice, preso na Síria em 2012. Os EUA também compartilharam com atores na Síria o que desejam ver da transição do país, acrescentou.
A Jordânia, vizinha da Síria, sediou a reunião deste sábado em Aqaba. Rússia e Irã, que eram apoiadores fundamentais de Assad, não foram convidados.
Blinken, o enviado especial da ONU para a Síria, Geir Pederson, a chefe de Política Externa da União Europeia, Kaja Kallas, e os ministros das Relações Exteriores de Turquia, Jordânia, Arábia Saudita, Iraque, Egito, Emirados Árabes Unidos, Bahrein e Catar se reuniram em uma mesa redonda na casa de convidados do governo jordaniano. Não havia representante sírio na mesa.
Os diplomatas árabes haviam se reunido separadamente e emitiram um comunicado pedindo uma transição política pacífica e inclusiva que leve a eleições e uma nova constituição.
Diplomatas árabes que participaram das conversas disseram à Reuters que estão procurando garantias de que a Turquia apoia isso e também evitar a divisão da Síria em linhas sectárias.
A Turquia e os Estados Unidos, ambos membros da Otan, têm interesses conflitantes sobre alguns dos rebeldes. Rebeldes apoiados pelos turcos no norte da Síria entraram em conflito com as Forças Democráticas Sírias (FDS), lideradas pelos curdos.
As FDS, que controlam alguns dos maiores campos de petróleo da Síria, são um aliado importante em uma coalizão dos EUA contra militantes do Estado Islâmico. São lideradas pela milícia YPG, um grupo que Ankara considera ser uma extensão do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), militantes que lutam contra o Estado turco há 40 anos e que foram marginalizados por ele.
Blinken disse a autoridades turcas durante uma visita a Ankara na quinta e na sexta-feira que o Estado Islâmico não pode ser capaz de se reagrupar, e que as FDS não podem ser distraídas de seu papel de proteger campos que mantêm combatentes do EI, segundo uma autoridade norte-americana. Líderes turcos concordaram, afirmou a autoridade da delegação norte-americana.
O ministro das Relações Exteriores da Turquia, Hakan Fidan, havia dito à emissora Turkish TV na sexta-feira que a eliminação do YPG é um “objetivo estratégico” da Turquia e pediu que os comandantes do grupo deixem a Síria.
(Reportagem de Simon Lewis e Suleiman Al-Khalidi)