Por Juliette Jabkhiro
PARIS (Reuters) - O diretor de cinema francês Christophe Ruggia vai a julgamento nesta segunda-feira sob a acusação de abusar sexualmente da atriz Adèle Haenel quando ela era menor de idade, em um dos primeiros casos #MeToo a emergir do cinema francês.
Haenel, uma atriz premiada em filmes como "Retrato de Uma Jovem em Chamas", acusou Ruggia de tocá-la repetidamente de forma inadequada depois que eles se conheceram trabalhando no filme "The Devils" em 2001, quando ela tinha 12 anos e ele 36.
Em 2019, ela o acusou publicamente pela primeira vez de exercer controle indevido sobre ela, isolando-a da família e dos membros da equipe, além de forçá-la e ao colega Vincent Rottiers a filmar cenas exaustivas com as quais não se sentiam à vontade.
Ruggia nega as alegações, que acarretam uma sentença máxima de 10 anos de prisão e uma multa de 150.000 euros. Sua advogada, Fanny Colin, não quis comentar à Reuters.
Haenel tornou-se o primeiro rosto famoso do movimento #MeToo na França, onde o movimento recebeu uma reação muito mais morna do que nos Estados Unidos. Recentemente, ela se aposentou da indústria cinematográfica, alegando haver complacência com os supostos predadores sexuais que ainda trabalham no ramo.
O advogado de Haenel não respondeu a um pedido de comentário da Reuters.
Ruggia não é o primeiro homem do cinema francês a enfrentar acusações por seu comportamento no set. Gerard Depardieu, um dos principais atores da França, deverá ser julgado no próximo ano sob a acusação de ter agredido sexualmente duas mulheres em um set de filmagem em 2021.
Haenel acusa Ruggia de abusar dela dos 12 aos 15 anos de idade, durante e após as filmagens de "The Devils", que conta a história de dois irmãos abandonados em busca de seu lar.
Ela disse aos investigadores que ia com frequência à casa de Ruggia, onde ele a tocava entre as pernas e acariciava seu peito. Ela disse que as ações dele afetavam seu trabalho escolar e provocavam pensamentos suicidas.
"Christophe me disse que estava apaixonado por mim e que a diferença de idade era uma maldição para ele e que, infelizmente, eu era uma adulta no corpo de uma criança", disse ela à polícia.
Espera-se que o julgamento dure dois dias.