Por Robin Pomeroy
CANNES (Reuters) - Esperava-se que a cinebiografia de Cannes sobre Jean-Luc Godard, o nome mais próximo que o cinema francês tem de uma divindade, fosse justa e respeitosa, mas “Le Redoubtable” é qualquer coisa, menos isso, ao retratar o diretor como uma pessoa infantil e rancorosa.
Após ter conquistado prêmios Oscar em 2012 por seu filme mudo “O Artista”, Michel Hazanavicius provocou os discípulos de Godard.
O debate sobre Godard respingou nos palcos, em uma coletiva de imprensa em Canne, com o ator principal acusando o diretor de ser “absurdo” ao sugerir que a maioria das pessoas “não se importa” com o diretor.
“Le Redoubtable” retrata o casamento de Godard com Anne Wiazemsky, 16 anos mais nova que ele, com a revolta estudantil se acirrando em Paris, em 1968, o diretor rejeitando seus trabalhos anteriores e o de seus contemporâneos e planejando fazer filmes com um coletivo maoísta.
Godard é interpretado por Louis Garrel, filho de Philippe Garrel, um diretor que seguiu os passos de Godard e outros cineastas da nouvelle vague. O ator admitiu ter ficado reticente em aceitar o papel.
“Louis está muito preocupado com o que os fãs de Godard vão pensar, mas eu digo ‘nós não nos importamos´. Eu quero que o filme seja visto por muitas pessoas e a maioria não dá a mínima para Godard”, disse Hazanavicius durante a coletiva de imprensa em Cannes, para irritação do ator, sentado a seu lado, que o interrompeu: “Isto é um absurdo. É como dizer que a ‘a maioria das pessoas não se importa com Caravaggio’!”
Berenice Bejo, a estrela de “O Artista”, que é a coprotagonista de “Le Redoubtable”, se divertiu com a discussão e tentou acalmar os ânimos.
“Há muitas pessoas que não ligam para cinema, no geral”, disse a atriz, algo que muitas vezes não é proferido em Cannes. “Não apenas Godard.” OLBRENT Reuters Brazil Online Report Entertainment News 20170521T185532+0000