PARIS/LONDRES (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, irritou franceses e britânicos ao sugerir que leis menos restritivas à compra de armas poderiam ajudar a evitar os ataques mortais em Paris em 2015, e ao associar crimes com armas brancas em Londres à proibição de armas de fogo.
Em discurso na Associação Nacional dos Rifles (NRA) na sexta-feira, Trump lembrou do atentado em Paris e disse que se os civis estivessem armados o episódio "teria sido uma história completamente diferente".
O governo francês emitiu sua crítica mais forte a Trump desde que ele tomou posse, e um ministro exigiu desculpas do líder norte-americano, no momento em que o presidente Emmanuel Macron tem reforçado os laços bilaterais após uma visita de Estado.
"A França expressa sua firme desaprovação aos comentários do presidente Trump sobre os ataques de Paris no dia 13 de novembro de 2015, e exige o respeito à memória das vítimas", disse nota do departamento de Relações Exteriores.
"A França tem orgulho de ser um país onde a compra e o porte de armas de fogo são regulados estritamente."
O ministro das Finanças francês, Bruno Le Maire, disse esperar que Trump "retirasse o que disse e expressasse arrependimento".
"Seus comentários são chocantes e não condizem com os do presidente da maior potência mundial", disse Le Maire à emissora BFM no domingo.
Outros políticos franceses, incluindo o prefeito de Paris, também reprovaram os comentários de Trump, depois que ele imitou o que teria acontecido na cena do massacre conduzido por atiradores islâmicos na casa de shows parisiense Bataclan, onde morreram 90 das 130 vítimas do ataque.
Cirurgiões em Londres, enquanto isso, disseram que Trump perdeu o foco quando, no mesmo discurso, estabeleceu relações entre crimes com armas brancas com a ausência de armas de fogo.
Os comentários de Trump já tinham causado irritação antes no Reino Unido. As relações com a primeira-ministra Theresa May esfriaram no ano passado depois que ela o criticou por republicar vídeos anti-islâmicos feitos por um grupo britânico de extrema direita.
Trump, que deve visitar o Reino Unido no dia 13 de julho, disse a membros da NRA que um hospital de Londres que "já havia tido muito prestígio" estava sendo sobrecarregado por vítimas de ataques com facas.
A cidade de Londres sofreu com um aumento de crimes de armas brancas no início deste ano, e teve mais assassinatos registrados durante os meses de fevereiro e março que a cidade de Nova York.
(Por Sarah White e David Milliken)
((Tradução Redação São Paulo 55 11 56447751))REUTERS RS