Por Richard Cowan
WASHINGTON (Reuters) - A disputa pela indicação do substituto na Suprema Corte dos Estados Unidos para o juiz Antonin Scalia, morto no sábado, está fornecendo aos democratas um gancho poderoso que pode aumentar as chances do partido de reconquistar a maioria no Senado.
O impacto pode ser sentido com mais contundência nos chamados Estados-chave (sem preferência partidária definida), onde os republicanos estão tentando manter suas vagas no Senado, disseram estrategistas e analistas políticos. O tema quente também deve causar um maior comparecimento de eleitores, algo que pode favorecer os democratas.
Sem uma noção clara de quem o presidente norte-americano, Barack Obama, irá escolher para o lugar de Scalia, ainda é cedo demais para saber exatamente como a disputa sucessória irá influenciar as já conturbadas eleições para a Presidência e o Congresso.
Mas, "neste ambiente político hiper-polarizado em que estamos operando atualmente, só posso supor que a batalha por essa indicação (à Suprema Corte) irá dominar o debate político daqui em diante", disse Jim Manley, estrategista e ex-assessor de primeiro escalão de senadores democratas.
Manley enfatizou que os republicanos estão diante de disputas acirradas para cadeiras no Senado em Estados-chave como Ohio, Flórida, New Hampshire, Wisconsin e Pensilvânia, e podem ter ainda mais problemas por causa das divisões de opinião em torno da substituição de Scalia.
Estes candidatos republicanos, que ou já servem no Senado ou estão de olho em vagas abertas, têm que se dedicar especialmente a temas sociais, como as regras para o aborto, nos Estados mais politicamente cindidos, que pesam bastante na escolha de juízes para a Suprema Corte.
Os democratas já tiveram uma vantagem nas eleições legislativas de novembro e só têm que defender 10 assentos, enquanto 24 cadeiras dos republicanos estão em disputa na Casa de 100 membros.
Os democratas só precisam de cinco vagas para obter a maioria que perderam na votação de 2014.
Poucas horas após a morte de Scalia, aos 79 anos, o líder da maioria no Senado, o republicano Mitch McConnell, declarou que quem quer que assuma a Casa Branca no dia 20 de janeiro de 2017 deve escolher o substituto do juiz conservador – e não Obama.
O Senado precisa confirmar indicados presidenciais para as vagas vitalícias do tribunal, que é composto de nove membros e cujas decisões recentes vêm tendo um profundo impacto no país, da legalização do casamento de pessoas do mesmo sexo ao financiamento de campanhas políticas.