Por Ayla Jean Yackley
ISTAMBUL (Reuters) - Um promotor turco busca a prisão de dois jornalistas que republicaram uma capa do jornal satírico francês Charlie Hebdo com uma representação do profeta Maomé, disse o jornal onde ambos trabalham nesta quarta-feira.
Ceyda Karan e Hikmet Cetinkaya, colunistas no diário Cumhuriyet, podem ser condenados a penas de 4 anos e meio de prisão por terem supostamente "insultado os valores religiosos do povo".
Eles republicarem uma caricatura do profeta Maomé feita depois dos ataques contra o Charlie Hebdo, em Paris, em 7 de janeiro, quando 12 pessoas foram mortas, disse o site do Cumhuriyet, citando uma cópia da denúncia.
O Cumhuriyet, um jornal secular, passou a receber ameaças após se tornar uma das cinco publicações internacionais a publicar trechos da primeira edição do Charlie Hebdo veiculada após os ataques, numa demonstração de solidariedade com os cartunistas mortos.
"Estamos sendo ameaçados com prisão por defender a liberdade de expressão", disse Karan à Reuters. "Ameaçar um jornalista porque ele ou ela publicou uma ilustração que não inclui um insulto é algo que pode vir somente de um governo religioso e autoritário."
"Nenhum de nós vai abandonar nossa defesa da liberdade de expressão", disse ela, acrescentando que conta com a proteção de guarda-costas desde janeiro.
O promotor abriu a investigação sobre o Cumhuriyet depois que o primeiro-ministro turco, Ahmet Davutoglu, acusou o jornal de "provocação" por ter publicado trechos do Charlie Hebdo.