Pessoas entre 40 e 60 anos com problemas de qualidade do sono podem ter o cérebro até 2,6 anos mais velho que sua idade cronológica, indica pesquisa publicada em 23 de outubro na revista Neurology, da Academia Americana de Neurologia. Eis a íntegra.
O estudo acompanhou 589 participantes por 15 anos, com idade média de 40 anos. Os voluntários responderam a questionários sobre hábitos de sono e realizaram exames cerebrais periódicos.
Os pesquisadores classificaram os participantes em 3 grupos:
- 70% tinham apenas uma característica de distúrbio do sono (grupo baixo)
- 22% apresentavam duas ou três características (grupo médio)
- 8% manifestavam mais de três características (grupo alto)
Os exames cerebrais revelaram que participantes com duas a três características de qualidade do sono ruim apresentaram idade cerebral 1,6 ano mais avançada que o grupo controle. No grupo com mais de 3 características negativas, como dificuldade para adormecer e despertares noturnos frequentes, o envelhecimento cerebral chegou a 2,6 anos acima da média.
O estudo utilizou ressonância magnética para monitorar a atrofia cerebral – perda natural de tecido cerebral que ocorre com o envelhecimento. Embora esse processo seja normal, quando mais acentuado que o esperado para a idade pode estar associado a problemas cognitivos e doenças neurológicas, incluindo quadros de demência.
“Essas descobertas são importantes porque mostram que os impactos do sono ruim na nossa saúde cerebral começam muito antes da velhice”, escreveu a professora Clémence Cavaillès, pesquisadora principal do estudo. “Isso quer dizer que noites mal dormidas, mesmo na meia-idade, já possuem uma forte atuação no envelhecimento cerebral — algo associado ao declínio da memória e a mudanças no cérebro ligadas ao Alzheimer.”