GENEBRA (Reuters) - Cerca de 6 bilhões de toneladas de areia são escavadas todos os anos do fundo do mar, em uma prática crescente que uma agência da Organização das Nações Unidas (ONU) disser ser insustentável e que pode destruir irreversivelmente a vida marinha.
A areia é o recurso natural mais explorado no mundo depois da água, mas sua extração para utilização em setores como de construção é apenas vagamente gerida, o que levou a ONU a aprovar uma resolução no ano passado para promover uma mineração mais sustentável.
As conclusões do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) coincidem com o lançamento de uma nova plataforma, "Marine Sand Watch", apoiada por financiamento do governo suíço, que monitora as atividades de dragagem usando rastreamento marinho e inteligência artificial.
“A quantidade de areia que estamos retirando do ambiente é considerável e tem um grande impacto”, disse Pascal Peduzzi, do Pnuma, em entrevista coletiva em Genebra.
Apontando para a imagem de um navio que descreveu como um “aspirador de pó gigante”, Peduzzi disse que tais embarcações estavam “basicamente esterilizando o fundo do mar, extraindo areia e triturando todos os microorganismos que alimentam os peixes”.
Em alguns casos, as empresas removem toda a areia até o leito rochoso, o que significa que “a vida pode nunca mais se recuperar”, acrescentou Peduzzi.
Embora globalmente os 6 bilhões de toneladas extraídos sejam inferiores à areia depositada anualmente pelos rios globais, em algumas áreas a remoção está ultrapassando as taxas de reposição, afirmou a agência.
O Mar do Sul e o Mar do Norte da China e a Costa Leste dos Estados Unidos estão entre as áreas onde mais ocorreu dragagem, disse Arnaud Vander Velpen, pesquisador da indústria de areia na Universidade de Genebra.