Por Padraic Halpin
DUBLIN (Reuters) - As negociações do Brexit, como é chamada a separação britânica da União Europeia, correm o risco de emperrar se o Reino Unido não apresentar uma solução realista para o futuro da fronteira irlandesa agora que Londres rejeitou uma proposta feita pela UE na semana passada, disse o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, nesta quinta-feira.
O governo britânico disse não querer uma união aduaneira com a UE, sem a qual esta última diz que precisaria regulamentar o comércio da Irlanda do Norte para evitar um retorno das verificações alfandegárias.
Mas a primeira-ministra britânica, Theresa May, apoiada por aliados linha-dura do Parlamento da Irlanda do Norte, disse que nenhum premiê poderia concordar com tais termos, já que eles "ameaçariam a integridade constitucional do Reino Unido".
"Quando estive em Londres na semana passada, ouvi comentários muito críticos da primeira-ministra May, e de outros, sobre a maneira como a questão da fronteira irlandesa foi apresentada no esboço do Acordo de Retirada", disse Tusk em uma coletiva de imprensa com o premiê irlandês, Leo Varadkar, em Dublin.
"Embora devamos respeitar esta posição, também esperamos que o Reino Unido proponha uma solução específica e realista para evitar uma fronteira dura. Enquanto o Reino Unido não apresentar tal solução, é muito difícil imaginar um progresso substantivo nas negociações do Brexit".
"Se alguém em Londres achasse que as negociações lidarão primeiro com outras questões, antes de ir para a questão irlandesa, minha resposta seria: 'A Irlanda primeiro'".
A Irlanda do Norte terá a única divisa terrestre do Reino Unido com a UE após o Brexit.