(Reuters) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta segunda-feira que é preciso criar condições para uma conversa com o governo da Venezuela, e que Brasil e Colômbia tem feito gestões diplomáticas no país.
"No momento certo a gente vai discutir. Eu tenho muito interesse que a Venezuela volte à normalidade democrática, é um país que eu tenho boa relação, é um país que tem 1.600 km de fronteira com Brasil, é um país que eu desejo que esteja em paz, então tenho interesse. Mas é preciso criar as condições para que a gente possa conversar", defendeu Lula em entrevista no México, onde está para participar da posse de Claudia Sheinbaum na Presidência do país.
Desde o início da crise venezuelana, o presidente Nicolás Maduro pediu uma conversa com Lula, mas o presidente brasileiro não quis marcar sem antes um sinal de que o venzuelano estaria disposto a negociar com a oposição, o que até hoje não aconteceu.
Ao contrário, o governo venezuelano endureceu a perseguição a oposicionistas, levando o candidato presidencial Edmundo González a buscar asilo na Espanha. Recentemente, em um movimento até agora incompreendido pelo governo brasileiro, a Venezuela retirou a autorização para que o Brasil administrasse a embaixada da Argentina em Caracas, depois da expulsão dos diplomatas argentinos.
Na entrevista, Lula foi cobrado por não ter falado da crise venezuelana durante seu discurso nas Nações Unidas, na semana passada, apesar de ser o maior problema na América Latina atualmente.
"Por que eu tenho que falar da Venezuela em todo lugar? Eu falo o que me interessa falar. O discurso que eu queria fazer era aquele, e foi muito bom o discurso", disse Lula, acrescentando depois que tem "muita preocupação com a Venezuela há muito tempo, não é de agora. Porque quanto mais em paz estiver a Venezuela mas em paz estará a América do Sul".
(Reportagem de Lisandra Paraguassu, em Brasília)