CAIRO (Reuters) - O Ministério das Relações Exteriores do Egito alertou nesta sexta-feira contra os pedidos do Exército israelense para que mais de 1 milhão de moradores da Faixa de Gaza deixem suas casas e sigam para o sul, dizendo que isso teria um sério impacto sobre as condições humanitárias no enclave.
Tal medida seria uma "grave violação" da lei humanitária internacional e exporia a vida dos residentes de Gaza ao perigo, colocando centenas de milhares de pessoas em áreas que não são adequadas para acomodá-las, disse o ministério em um comunicado.
O ministro da Defesa israelense, Yoav Gallant, disse nesta sexta-feira que os civis palestinos "que querem salvar suas vidas" devem atender ao alerta de Israel para partir em direção ao sul de Gaza.
O Egito faz fronteira com Gaza e tem se alarmado com a perspectiva de que seus residentes possam ser deslocados pelo cerco e bombardeio de Israel ao território, lançado em retaliação a uma incursão devastadora de militantes do Hamas.
Em discurso em uma cerimônia de graduação militar na noite de quinta-feira, o presidente egípcio, Abdel Fattah al-Sisi, disse que era "importante que o povo (palestino) permanecesse firme e presente em sua terra", enquanto o Egito se esforçava para garantir ajuda humanitária.
O Cairo tem tentado facilitar o fornecimento de ajuda humanitária para Gaza por meio de Rafah, a principal passagem de fronteira do território que não é controlado por Israel, mas duas fontes de segurança disseram nesta sexta-feira que as negociações com os Estados Unidos e outros países não conseguiram, até o momento, garantir uma maneira de entregar a ajuda.
As operações na passagem foram interrompidas por ataques israelenses no lado palestino da fronteira no início desta semana e os civis não estão cruzando a passagem desde terça-feira.
Nesta sexta, dois voos da Turquia transportando alimentos e ajuda médica chegaram ao aeroporto de Al Arish, no norte do Sinai, a cerca de 45 km da fronteira com Gaza, de acordo com uma terceira fonte de segurança. Um voo da Jordânia chegou na quinta-feira.
O material da ajuda deveria ser armazenado em um estádio esportivo em Al Arish até que uma rota para sua entrega possa ser aberta, disse uma das fontes de segurança.
(Reportagem de Yomna Ehab, Enas Alashray e Mohamed Ahmed Hassan)